Unemat: 80% dos trabalhadores da educação básica desejaram voltar à escola na pandemia


O grupo de pesquisa intitulado “Cartografia da Escola” da Unemat, a partir da coleta de dados revela que a falta de estrutura ofertada pelo estado sabotou os esforços realizados pelos trabalhadores da educação em tentar garantir aprendizagem satisfatória dos estudantes.

Publicado: 03/12/2021 18:27 | Última modificação: 03/12/2021 18:27

Escrito por: Assessoria/Sintep-MT

Sintep-MT
Reunião virtual entre Unemat e Sintep-MT para tratar sobre resultados da Pesquisa "Cartografia da Escola"

Pesquisa da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), desenvolvida pelo grupo de pesquisa “Cartografia da Escola”, que aborda os reflexos da pandemia na vida dos trabalhadores da Educação Básica, apresenta resultado parcial ao Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), parceiro desde a elaboração do instrumento de pesquisa. Os dados preliminares apresentados pela coordenadora, professora doutora Maritza Maciel Castrillon Madonado, revelaram que mais de 80% dos profissionais da educação, durante a pandemia, desejavam estar de volta à escola, para o trabalho presencial.

Apesar da análise em andamento, a pesquisa se mostrou reveladora e muito reflexiva com potencial para aprofundar também o debate acerca do PLC nº 47/2021, do Poder Executivo de Mato Grosso, que aborda a regulamentação do teletrabalho, considerando que não existe compatibilidade entre essa modalidade de trabalho e a educação pública e gratuita. 

A coleta de dados foi realizada nas 15 regionais do estado com amostragem de 734 trabalhadores da educação da rede estadual, 407 professores e 327 Técnicos e Apoios Administrativos Educacionais. Nessa etapa de análise ficou evidenciado que o home office, assim, como as atividades presenciais nas escolas, com funcionários, promoveu estresse e sensação de impotência, nos profissionais. 
Para a dirigente estadual do Sintep-MT, Guelda Andrade, a avaliação deixa clara a contradição entre o desejo dos profissionais e as afirmativas “desrespeitosas” do governador Mauro Mendes à imprensa, ao taxar os trabalhadores da educação de preguiçosos, por não retomarem as atividades presenciais. 

Segundo Guelda a pesquisa revela que home office ou trabalho remoto é inviável na Educação Pública.  Mais do que isso, expôs a total ausência do estado na oferta dos recursos necessários para assegurar o trabalho. 

“Os profissionais tiveram que fazer investimento próprio e correr atrás de mobiliário, equipamentos tecnológicos e internet sem o menor apoio do estado. E mais, tiveram que se reinventar aprendendo o trabalho no formato virtual, com a preocupação de como ensinar os estudantes que, do outro lado, enfrentam desafios como falta de equipamentos, quando tinham celular muitas vezes era um só dentro da família, e ficava com os pais, a falta de internet de qualidade, entre outros, uma das palavras que mais aparecem nas respostas é “aprendizagem” tanto do professor que precisou buscar aprender o manuseio da ferramenta para ensinar, como a preocupação dos professores com o aprendizado dos estudantes do outro lado da tela, além do abalo emocional de todos e todas”, destaca Guelda Andrade. 

As respostas compiladas revelam que o teletrabalho promoveu frustrações e insatisfação e que o maior desejo dos educadores era estar no chão da escola. “Os profissionais adoeceram, e a pesquisa revela as condições de saúde mental desses trabalhadores, que ficaram ainda piores com a ausência de condições de trabalho, o cenário foi caótico", concluiu.