Trabalhadores da Educação protestam em defesa da carreira e do respeito à profissão
Relatos de trabalhadores da educação estadual demonstram a realidade de precariedades nas escolas
Publicado: 29/06/2023 17:39 | Última modificação: 29/06/2023 17:39
Escrito por: Roseli Riechelmann
Os profissionais da educação participaram de um dia de paralisação nesta quarta-feira (28/06), na primeira Marcha Estadual do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Mato Grosso (Sintep-MT). Representações de vários locais do estado levaram para as ruas a angústia e desafios vivenciados no chão da escola e o desmonte durante as duas gestões do governo Mauro Mendes. A desvalorização é o carro chefe de uma onda de desmonte que tem gerado precarização do trabalho e sucateamento da educação.
“Quando eu ingressei no concurso de 2018 havia muita expectativa, a principal delas era ter uma carreira interessante, já que a carreira era valorizada. Mas, desde de que eu entrei foi ladeira a baixo”, destacou a professora mestre Thaís Rosa, de Cuiabá.
Outro ponto trazido pela educadora foi o sucateamento da profissão, via redução de carga horária para determinadas disciplinas, em especial a área de humanas, de grande relevância para a formação dos estudantes. Conforme a professora, ter dinheiro na escola não basta. “A propaganda dos televisores, por exemplo, ficou nisso. Na minha escola tem apenas duas salas com televisores, o que inviabiliza o acesso para todos. Os Chromebook a gente tenta usar, mas a internet não funciona, nem para aplicar as avaliações. As apostilas foram um dinheiro mal gasto. Temos excelentes livros didáticos e se troca por apostilas, muitas vezes com conteúdo picado. Nós não somos um cursinho, ou uma escola privada são escolhas equivocadas”, relata Thais Rosa.
A estrutura das escolas foi lembrada como problema para a qualidade da educação. “A minha escola é pequena, as normativas do estado são para 35 alunos por sala, mas no tamanho das salas não cabe 20 estudantes, que qualidade é essa? A qualidade da educação não é apenas colocar dinheiro na escola, ele pode auxiliar, mas não resolve os problemas que vivenciamos com nossos estudantes, principalmente aqueles de áreas mais carentes”, diz a professora Esmeralda Miranda, de Rondonópolis, 26 anos de sala de aula.
Outro ponto de destaque da mobilização foi a sobrecarga de trabalho e o processo acentuado de desvalorização das profissionais do apoio educacional, merenda. Durante o ato denunciaram as manobras feitas nas portarias de atribuição que acabaram por reduzir o número de profissionais, quando ampliam o número de alunos e de tarefas a serem executadas.
“Antes para cada 200 matrículas era uma merendeira, agora são oito turmas para cada profissional. A média de turmas é de 35 alunos, ou seja, 280 estudantes, sendo que ampliaram o cardápio. O que é positivo para os alunos, porém, acaba com a saúde do trabalhador”, relata a funcionária Margarete Lima, de Cuiabá, que participou da mobilização.
Segundo o presidente do Sintep-MT, Valdeir Pereira, os profissionais da educação buscam um trabalho coletivo e sadio, porque a escola tem função social e educadora, com seres humanos. “Não há como trabalhar competindo e exigir resultados apenas individuais”, destacou o dirigente reafirmando a necessidade de diálogo para ajustes nas práticas aplicadas pelo governo.