Sintep-MT destaca prejuízos do Novo Ensino Médio durante audiência pública na ALMT
A reformulação do currículo escolar na rede pública de ensino, por meio do Novo Ensino Médio, foi proposta em 2016 e começou a valer no governo Bolsonaro
Publicado: 23/05/2023 16:53 | Última modificação: 23/05/2023 16:53
Escrito por: Andressa Boa Sorte/Sintep-MT
Dirigentes do Sintep-MT participaram de uma Audiência Pública realizada pela Assembleia Legislativa do estado, na tarde desta segunda-feira (22) para debater os prejuízos do Novo Ensino Médio. A discussão também reuniu integrantes do movimento estudantil, além de professores do ensino médio, superior e representante da Seduc-MT.
A reformulação do currículo escolar na rede pública de ensino, por meio do Novo Ensino Médio, foi proposta em 2016 e teve sua implementação logo no início do governo Bolsonaro. Entre os prejuízos apontados pelos educadores, está o fato de que esse novo modelo reforça as desigualdades sociais no país e ainda contribui para o aumento da evasão escolar.
“Esse novo currículo diminui as chances do aluno da escola pública de acessar a universidade, enquanto o aluno da escola particular continua tendo matérias do currículo antigo de forma integral. A retirada da organização curricular de disciplinas como sociologia e filosofia e redução de carga horária de geografia e história, é algo que nós devemos refletir e nos questionar o porquê disso. São matérias que ajudam no desenvolvimento do senso crítico e político do aluno. Não podemos assistir a isso com naturalidade. Sabemos que essa fragilização do ensino faz parte de uma agenda neoliberal que tem por trás, motivos economicistas e mercadológicos”, disse Guelda Andrade, secretária de Políticas Educacionais do Sintep-MT e da CNTE.
A sindicalista destaca ainda que o Novo Ensino Médio precariza o trabalho na rede pública de ensino. “Começam por mudanças como, retirar um professor e substituí-lo por um tutor e assim baratear a mão de obra. Na contramão disso precisamos de avançar em investimentos públicos, em implementar o Plano Nacional de Educação, de dedicação exclusiva dos professores para a melhorar a qualidade do ensino com a continuidade pedagógica daquele professor. Essa proposta de ensino médio que está posta não contempla e não visa a qualidade. Esse estudante vai sair da escola incapaz de construir uma sociedade justa e igualitária, porque ele não terá um currículo que proponha essa construção na sua formação escolar. Esse formato do ensino visa apenas obter os resultados do Ideb, quando sabemos que educação não pode ser medida por apenas um ou dois fatores”, criticou Guelda.
O presidente do Sintep-MT, professor Valdeir Pereira, também fez apontamentos importantes acerca do modelo do Novo Ensino Médio. “A Seduc-MT encaminhou esse modelo dos itinerários formativos de mil horas, porém, a teoria desses itinerários não tem nada a ver com o que acontece na prática. Isso porque existem cidades onde o estado oferece apenas um itinerário, ou seja, esses estudantes são preteridos na questão da escolha de qual itinerário gostariam de fazer. Não dá para pensar numa educação progressista sem pensar em garantia de aulas, de valorização dos profissionais.
Há uma necessidade urgente de ampliar esse diálogo dentro da Secretaria de Estado de Educação, que não debate as pautas da categoria, não apresenta propostas, mas que usa as DREs para pressionar os trabalhadores da educação, a não fazerem as cobranças do que é nosso por direito”, destacou Valdeir.
O presidente do Sintep-MT ainda citou a incoerência da Seduc que pede calendário imediato de reposição de aulas, por dia de paralisação de servidores, mas que permite o absurdo de alunos ficarem até vinte dias sem aulas por falta de atribuição de professor. “Essa triste realidade de alunos sem aula por falta de professores atribuídos, se deve ao engessamento da organização curricular imposto pela Seduc-MT.
O governo gosta de dizer na mídia que avançou na educação, quando sabemos que os dados que apresenta não passa de uma maquiagem, uma manobra. Prova disso é que no período da pandemia, baixou uma portaria ordenando que todos os estudantes fossem aprovados de maneira compulsória. O que nós precisamos do governo, é que haja mecanismos reais que garantam a permanência dos estudantes do ensino médio e que promovam a continuidade do ensino a eles. Quanto aos tais itinerários formativos, já vimos que não funcionam e que são excludentes”, disse.
O deputado estadual Lúdio Cabral (PT), proponente da audiência pública, destacou a necessidade de intensificar a mobilização contra o novo ensino médio e fez um apelo para que a população participe da consulta pública aberta pelo governo federal sobre o assunto. “Todos que puderem, respondam à pesquisa. Para isso, é só acessar a plataforma Participa +Brasil, até o dia 6 de junho”, finalizou o parlamentar.