Sintep-MT denuncia descompromisso com a educação e pressão sobre professores às vésperas do Saeb


Pressão sobre professores, programas de treinamento forçado e bonificações para atingir metas mascaram índices de aprendizagem no estado

Publicado: 17/10/2025 10:57 | Última modificação: 17/10/2025 10:57

Escrito por: Roseli Riechelmann

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O Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) denuncia o descompromisso do governo estadual com a aprendizagem real dos estudantes e alerta para estratégias adotadas com foco exclusivo em resultados de ranqueamento, às vésperas da aplicação da avaliação nacional do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), prevista para este mês de outubro.

A entidade afirma que, ao invés de enfrentar a defasagem educacional, garantir a aprendizagem integral e respeitar a diversidade, o governo tem priorizado ações voltadas a garantir bons números na avaliação. Programas como Mira na Meta e Movimenta Saeb têm sido intensificados nos últimos sete meses, com foco em treinamento de alunos, metas de desempenho e bonificações vinculadas a resultados.

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“Estão sacrificando o processo de ensino-aprendizagem em nome de números. Os professores são sobrecarregados com reuniões, plataformas e capacitações com foco no Saeb. Além de incentivados por bônus em cumprimentos de metas, como a Gratificação por Resultados ‘Plus’, que beneficiará os que atuam nas escolas cívico-militares, nas áreas de Português, Matemática e a direção da escola”, afirma a secretária de Políticas Educacionais do Sintep-MT, Guelda Andrade.

O sindicato também alerta para práticas de distorção nos dados, como a exclusão de estudantes com rendimento insatisfatório das provas, por meio de turmas multisseriadas criadas pelo Programa de Recomposição da Aprendizagem (PRA), e transferências administrativas que retiram alunos da base escolar sem registrá-los como evadidos.

Essas medidas, segundo a entidade, reproduzem um padrão já observado em anos anteriores, como no caso da elevação do IDEB estadual — que subiu da 20ª para a 8ª posição nacional —, mesmo com a persistência de graves déficits de aprendizagem. A aprovação automática de alunos infrequentes e compensações de faltas ou conteúdos não cumpridos também estariam entre os mecanismos de “maquiagem” utilizados.

“O que vemos é um investimento de recursos públicos em estratégias de ilusão. Nada disso representa avanço real na qualidade da educação pública. Pelo contrário, aprofunda o desrespeito aos profissionais da educação, gera um ambiente de pressão e insegurança nas escolas, e reforça uma lógica perversa de ranqueamento”, conclui Guelda.