Sintep-MT critica reforma de fachadas de escolas: “estruturas internas precárias"


"Não podemos permitir que nossas escolas sejam ‘cartões de visita’ com apenas essa maquiagem na entrada das unidades. Que o governador amplie essa reforma para dentro dessas escolas, porque a realidade do dia-a-dia, do chão da escola, importa muito mais do que um muro bonito e moderno".

Publicado: 09/02/2022 16:27 | Última modificação: 09/02/2022 16:27

Escrito por: Assessoria/Sintep-MT.

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Desde o final do ano passado, o Sindicato dos trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), observa com espanto, as reformas das fachadas de diversas unidades escolares da rede estadual de ensino, como é o caso das escolas Adalgisa de Barros e Pedro Gardés, ambas em Várzea Grande.

Ocorre que, recentemente, em uma das chuvas mais intensas que caiu na cidade, o Sintep-MT passou a receber diversos vídeos feitos por professores, mostrando a realidade na parte interna de algumas escolas, como goteiras, infiltrações e salas que ficaram alagadas.

No final de janeiro (27/01), um vídeo gravado por um professor que preferiu não se identificar, mostram diversas goteiras dentro de uma sala de aula, que seria da Escola Estadual Jaime Veríssimo de Campos Junior, “Jaiminho”, na cidade de Várzea Grande.

Nas imagens é possível observar que, no momento da gravação, chovia do lado de fora, e como narra o educador, também do lado de dentro da unidade de ensino.

Imagens de outras salas alagadas também foram enviadas ao Sintep-MT. As fotos seriam de outras duas escolas: Escola Estadual Professor José Mendes Martins e Escola Estadual Professor Vanil Stabilito, ambas em Várzea Grande.

“Nos espanta ver que o governo do estado vem se preocupando mais em manter uma aparência externa, reformando fachadas, e esquecendo que, da porta para dentro das unidades de ensino, a coisa não está tão bonita assim. Além disso, não vimos placas externas informando quanto o estado está gastando para reformar essas fachadas, enquanto sabemos que temos escolas quase que abandonadas, sem ao menos um banheiro decente para estudantes e trabalhadores utilizarem e com goteiras e infiltrações”, disse o secretário de Comunicação do Sintep-MT, Gilmar Soares.

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Para o dirigente sindical, a reforma das fachadas parecer ser mais uma atitude eleitoreira do governador Mauro Mendes, visto que neste ano teremos eleições. “A educação pública é coisa séria. Não podemos permitir que nossas escolas sejam ‘cartões de visita’ com apenas essa maquiagem na entrada das unidades. Que o governador amplie essa reforma para dentro dessas escolas, porque a realidade do dia-a-dia, do chão da escola, importa muito mais do que um muro bonito e moderno. A educação não pode viver de aparências”, criticou Gilmar.

O Sintep-MT ainda cobra transparência da gestão estadual quanto aos gastos dessas reformas de fachadas. “Sabemos que todas as obras públicas precisam respeitar os princípios da publicidade e da transparência e, por isso, é preciso que tenham as placas informando quando de dinheiro público está sendo gasto nisso”, disse o dirigente.

Escolas em condições precárias

Um levantamento feito sobre a infraestrutura das escolas de educação básica no Brasil, realizado pelo Comitê Técnico da Educação do Instituto Rui Barbosa (CTE-IRB) com base no Censo Escolar da Educação Básica 2020 - INEP/MEC, e divulgado em julho do ano passado, mostrou que, no que se refere às 767 escolas da rede estadual em Mato Grosso, 29 não tinham internet (3,78%) e 377 não contavam com banda larga (49,15%), 17 não possuíam banheiro (2,22%), 33 estavam sem rede de esgoto (4,30%), 8 sem água (1,04%), 66 sem água potável (8,60%), 7 sem energia (0,91%) e 228 não tinha pátio ou quadra coberta (29,73%).

Para o Sintep-MT, o governo usou mal os recursos da educação. “Durante todo esse período de aulas remotas, o governo poderia ter aproveitado para fazer reformas nessas unidades de ensino. Mas, pelo que vimos, sua prioridade foi gastar com a compra de apostilas sendo que o conteúdo desse material é muito semelhante ao que já temos – de graça – nos livros didáticos. Esperamos que os órgãos de fiscalização cumpram com o papel de averiguar as condições em que os estudantes e educadores terão que enfrentar nesse retorno presencial previsto para 7 de fevereiro”, disse o presidente do Sintep-MT, Valdeir Pereira.