Sintep-MT condena sistema apostilado e desperdício com descarte de livros didáticos


“Se queremos formar cidadãos capazes de criar, de inventar, de agir com autonomia e responsabilidade, o exemplo necessariamente precisa partir da prática dos mestres, por isso, somos contra o sistema por apostilas que é completamente engessado e não promove essa construção coletiva de conhecimento”.

Publicado: 25/05/2021 11:07 | Última modificação: 25/05/2021 11:07

Escrito por: Andressa Boa Sorte

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Mesmo o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) sendo a opção que melhor contempla a liberdade de ensino do professor em sala de aula, considerando que a escolha do livro didático é feita de forma coletiva e democrática, a secretaria estadual de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT), optou por desprezar esse sistema de ensino já consolidado na rede pública no estado e, sem qualquer debate com a comunidade escolar, optou por alterar radicalmente o modelo de ensino nas escolas, adotando o sistema de apostilas.

Entre as consequências diretas da adoção das apostilas, está, em primeiro lugar, o desperdício de recursos públicos, uma vez que haverá, inevitavelmente, a não utilização de centenas de livros didáticos que já foram encomendados ao Governo Federal. “Sabemos que algumas unidades de ensino ainda não receberam os livros didáticos, especialmente os que são direcionados ao Ensino Médio, e quanto à isso, é papel do governo do estado fazer com que esse material chegue até os estudantes, mas isso não pode, de maneira alguma, servir de desculpa para que a Seduc substitua os livros didáticos pelo sistema apostilado”, pontua a secretária de Políticas Educacionais do Sindicato dos Servidores no Ensino Público do Estado (Sintep-MT), Guelda Andrade.

Ainda sobre a questão financeira é importante questionar "por que este recurso que está sendo investido em apostilas de forma arbitrária, com decisão unilateral, não está sendo investido na organização das escolas para o  retorno das atividades após a população ter sido vacinada?” De acordo com as atividades promovidas pela Internacional da Educação, sairemos da Pandemia, mas, ainda por um tempo, iremos conviver com endemias e o Brasil ainda corre o risco de ter bolsões de mutação do vírus. Estes são questionamentos que precisam ser respondidos para a população e toda a comunidade escolar.

Vale ressaltar que é por meio do currículo escolar é que se faz disputas de projeto de sociedade. “Quem está por trás dessa produção de apostilas? Qual visão de mundo, de sociedade, homem, de mulher e da própria juventude? O problema em Mato Grosso é que o governador parece estar mais interessado em favorecer a iniciativa privada, do que implementar ações que favoreçam, de fato, a escola pública”, criticou Guelda.

O presidente do Sintep-MT, Valdeir Pereira, destaca que os professores precisam ter a liberdade de cátedra garantida. “Se queremos formar cidadãos capazes de criar, de inventar, de agir com autonomia e responsabilidade, o exemplo necessariamente precisa partir da prática dos mestres, por isso, somos contra o sistema por apostilas que é completamente engessado e não promove essa construção coletiva de conhecimento”, disse.

O presidente do Sintep-MT ainda destacou que esse modelo de ensino “mede o sucesso de alunos e de professores por meio de metas estabelecidas, de quantidade de aulas sequenciais vencidas, sem considerar o estímulo às características e potencialidades individuais de cada estudante".

Com o apostilamento, o estudante precisa realizar as atividades pré-estabelecidas no material e depois devolver a apostila ao professor para correção. Esse compartilhamento de material em plena pandemia, também é motivo de preocupação do sindicato. “Existe um risco grande de contaminação nessa troca de material. Isso é muito grave, visto que temos acompanhado números alarmantes de mortes de trabalhadores da educação”, destacou o sindicalista.

Fonte: Assessoria/Sintep-MT.