Sintep-MT cobra transparência e solução para déficit de PAPE em audiência na Assembleia

O presidente do Sintep-MT, Henrique Lopes, participou nesta quarta-feira (27/11) da audiência de convocação do secretário de Educação do Estado, Alan Porto, requerida pelo deputado estadual Lúdio Cabral, para tratar da situação crítica do Professor de Apoio Pedagógico Especializado (PAPE), no atendimento de estudantes atípicos na rede estadual.

A demanda por professores e assistentes especializados cresce ano após ano, enquanto a oferta do Estado segue insuficiente. O problema se repete: o ano letivo começa, mas muitos estudantes autistas ou com outras deficiências, só recebem o profissional de apoio no fim do primeiro semestre, deixando estudantes desassistidos e escolas sobrecarregadas.

Durante a audiência, mães e representantes de movimentos de apoio às famílias atípicas denunciaram o abismo entre o discurso institucional e a prática diária. Para Kellen Carvalho, do Projeto de Apoio de Mães Atípicas, “o governo vende na mídia uma rede inclusiva, estruturada, mas a realidade é completamente diferente. Somos nós, mães, que seguramos as pontas enquanto o Estado demora a cumprir o básico”.

O secretário Alan Porto defendeu a política da Seduc-MT e reconheceu a pressão sobre o sistema.

“Temos avanços importantes, ampliamos o número de profissionais e estamos trabalhando para melhorar o fluxo de contratação. Mas é um desafio nacional, e estamos comprometidos em acelerar os processos para reduzir o tempo de espera das famílias”, afirmou.

Henrique Lopes confirmou a lentidão e criticou a distância entre propaganda e realidade.

“A rede estadual não pode continuar empurrando as crianças atípicas para o segundo plano. A inclusão não pode ser uma peça publicitária. Enquanto o governo anuncia investimentos, as escolas vivem a prática do improviso. É preciso responsabilidade social, planejamento e respeito às famílias que lutam todos os dias para garantir o direito à educação dos seus filhos”, disse o presidente do Sintep-MT.

Segundo o dirigente, a solução passa pela valorização profissional, concursos permanentes e um calendário organizado com lotação adequada, que garanta a presença dos PAPEs desde o primeiro dia de aula, e não meses depois.