Sintep-MT avalia trabalho escravo como subproduto da privação do direito à Educação


O acesso à Educação, especialmente à educação integral, negligenciado pelos governos federal e estaduais, seria uma forma de garantir equidade a todo estudante, possibilitando condições e oportunidades de desenvolvimento educacional e social.

Publicado: 04/08/2022 14:30 | Última modificação: 04/08/2022 14:30

Escrito por: Andressa Boa Sorte/Sintep-MT

Reprodução

Uma megaoperação com 105 ações de fiscalização em 15 estados brasileiros, entre eles, Mato Grosso, resgatou 337 pessoas de condições análogas à escravidão no final do mês de julho. Dentre os resgatados, estavam cinco crianças e seis trabalhadoras domésticas — uma delas, no serviço forçado e desumano desde os nove anos.

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Barracão onde trabalhadores resgatados da escravidão dormiam em Montes Claros de Goiás (GO)

Para o Sintep-MT, situações como esta, desnudam a falta de um projeto sério de educação pública que contemple, de fato, os que mais precisam; que são aqueles que estão em situação de vulnerabilidade social. “Essa exclusão é feita primeiramente pelos próprios governos, tanto na esfera federal, quanto estadual, quando negam a essas pessoas, o direito ao ensino público, quando não investem em educação, quando ignoram os pobres e se recusam a olhar o ensino como um processo de desenvolvimento do cidadão, partindo da sua dignidade como ser humano”, disse a Secretária de Políticas Educacionais do Sintep-MT, Guelda Andrade.

A sindicalista ainda destaca a importância de investimentos públicos na Educação Integral. Segundo ela, esse modelo vai muito além de se estabelecer uma carga horária estendida dentro das escolas. Trata-se de uma visão omnilateral de ensino, num conceito amplo do que é educação.

“A Educação integral é uma forma de garantir equidade a todo estudante. Isso porque ela reconhece o direito de todos e todas de aprender e acessar oportunidades educativas diferenciadas e diversificadas a partir da interação com múltiplas linguagens, recursos, espaços, saberes e agentes, condição fundamental para o enfrentamento das desigualdades educacionais”, disse Guelda.

A Secretária de Políticas Educacionais do Sintep-MT criticou ainda, o cenário atual do sistema de ensino público no país e destacou que, em Mato Grosso, a situação é ainda pior. “Nosso estado é um dos mais ricos do país, ainda assim, a desigualdade social é gritante. Prova disso foi o resgate recente de trabalhadores em situação análoga à escravidão; prova disso, é a fila do ossinho, diante da insegurança alimentar de muitas famílias. Quanto ao sistema público de ensino, vemos a cada dia que passa, um governador empenhado em destruir e sucatear à educação pública; atropelando a democracia e tratando a Educação como mera mercadoria. Diante disso, nós, enquanto sindicato, precisamos estar cada vez mais unidos para fazer o enfrentamento a esse desmonte. Só assim poderemos sonhar com uma sociedade justa e com uma educação socialmente referenciada”, finalizou.