Sem correções da RGA, orçamento do estado pode trazer mais um ano de arrocho aos servidores de MT
Os servidores públicos estão entre os segmentos que mais contribuem com as receitas do estado, no entanto, são aqueles que menos se beneficiam delas.
Publicado: 30/08/2023 10:57 | Última modificação: 30/08/2023 10:57
Escrito por: Roseli Riechelmann
A segunda rodada de votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do governo do estado, prevista para esta quarta-feira (30/08), na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), retoma a disputa travada pelos servidores públicos para romper com política de empobrecimento implantada nos últimos cinco anos (2019 a 2023) da gestão Mauro Mendes. Com salários congelados, são responsabilizados por causar prejuízos financeiros ao estado.
Conforme o Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), é uma injustiça e falácia do governo dizer que os servidores causam prejuízos ao estado. Levantamento realizado sobre dados do Fiplan (Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças) estadual, comprovam que os servidores contribuem significativamente para o bolo tributário, em detrimento de setores importantes (agronegócio e indústria) que têm tido redução acentuada na participação da receita.
“A redução desses impostos impede o desenvolvimento da sociedade, e a devolução em serviços, daquilo que se paga. O governo estabeleceu um modelo de desenvolvimento econômico injusto que penaliza os serviços públicos e privilegia segmentos mais ricos”, afirma o dirigente estadual do Sintep-MT e presidente da CUT-MT, Henrique Lopes.
Segundo o dirigente, responsável por um estudo de viabilidade orçamentária para recomposição salarial da categoria da educação – a Cartilha Salarial de 2023, o arrocho salarial dos servidores públicos é uma opção do governo
Mauro Mendes. Henrique Lopes argumenta que é uma escolha do governo adotar a política de austeridade tributária e fiscal. “O governo tem ao longo dos últimos cinco anos optado por abrir mão da arrecadação para favorecer setores da economia, com isenção e renúncia fiscal”, afirma.
Conforme Henrique Lopes, o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) é uma confissão do governo já que o volume de recursos investidos na folha dos servidores é o mesmo de cinco anos atrás. “O governo optou por deixar as contas do estado em ordem, colocando a corda no pescoço do servidor, ao congelar os salários, apesar do custo de vida - as contas de luz, água, combustível e aluguel - ter aumentado no período”, afirma.
Diante dos estudos orçamentários do estado, a fatura social não tem sido paga pelos setores mais ricos, como o agronegócio e a indústria. Enquanto os servidores públicos contribuem (pagamento de impostos retido na fonte) com 4,1% da receita do estado, os setores provenientes da exploração agropecuária e de origem vegetal e animal, tem uma contribuição de 0,001% no orçamento estadual.
Para o Sintep-MT a decisão sobre o não cumprimento da dívida da RGA com os servidores públicos, ou do fim do confisco das aposentadorias, não se trata de falta de recursos. É uma opção do governo e de parte do legislativo, que defende interesses de segmentos econômicos. A reversão desse cenário só se dará com mobilização coletiva, acreditam.