Seduc-MT reduz vigias nas escolas, flerta com a terceirização e ataca a carreira da educação


Corte de contratações de funcionários vigias nas escolas estaduais deixa unidades suscetíveis a furtos e vandalismo e compromete segurança do patrimônio público.

Publicado: 24/02/2023 18:29 | Última modificação: 24/02/2023 18:29

Escrito por: Roseli Riechelmann/Sintep-MT

Reprodução
Governo Mauro Mendes coloca em ação um projeto de extinção educadores na função vigia, das escolas estaduais de Mato Grosso

O corte de profissionais do apoio administrativo escolar na função de vigia, nas escolas públicas estaduais de Mato Grosso, repercute com aumento de ocorrência de furto em várias unidades no estado.

Em janeiro de 2023 foi divulgado na mídia estadual pilhagem de equipamentos eletrônicos em uma unidade da rede estadual, em Araguaiana. Esta semana (20/02) mais um caso foi noticiado no município de Santo Antônio de Leverger, na Baixada Cuiabana. Nessa unidade até fiação elétrica foi levada.

A situação tem se agravado depois que o governo de Mato Grosso suspendeu a contratação de vigias nas escolas estaduais, deixando apenas os profissionais efetivos. O Sintep-MT Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso) tem destacado que o quantitativo é insuficiente para garantir a cobertura necessária para as 670 unidades do estado. A cobrança por convocação de vigias é pauta recorrente do sindicato e foi reafirmada na última reunião com a secretária adjunta de Gestão de Pessoas, Flávia Emanuelle de Souza Soares, no mês de janeiro.

Sintep-MT/Edevaldo José
Secretário de Funcionários do Sintep-MT, Klebis Marciano, destaca o processo de precarização dos funcionários das escola estaduais

Segundo o secretário de funcionários do Sintep-MT, Klebis Marciano, a Seduc-MT vem promovendo malabarismo nas planilhas de pessoal e não atende as necessidades reais das escolas. Conforme o sindicato, por mais que existam número de vigias efetivos suficientes para o quantitativo de escolas, a conta não fecha, pois cada unidade necessita de até três profissionais para cobrir a jornada. “Isso se justifica no número de contratações que ocorrem todos os anos. Destacamos ainda mais, os contratos só existem devido à ausência de concurso público”, afirma o dirigente.

O desmonte da função vigia tem sido uma ação recorrente do governo desde que assumiu o primeiro mandato, em 2019. O concurso de 2017/18, prorrogado em 2020 por mais dois anos de vigência, suspendeu a convocação de vigias. A justificativa era a substituição por monitoramento eletrônico.

Diones Andrade é vigia em escola estadual no município de Várzea Grande (na grande Cuiabá) e destaca o total desconhecimento do governo sobre a função, que também vai além de cuidar do patrimônio. “O que adianta o monitoramento eletrônico sem a presença de um vigia. O governo irá gastar mais com a contratação de empresa, do que com os vigias. Terceirizar é aumentar custos, diminuindo a segurança e oferecendo menos serviço à comunidade”, afirma.

Em Santo Antônio de Leverger, a escola estadual furtada esta semana é uma unidade do campo. Conforme questiona o presidente da subsede do Sintep/Santo Antonio, Kalmon da Silva Oliveira, de que adiantaria o monitoramento se até chegar alguma ajuda na escola os bandidos já teriam ido embora. “O monitoramento é uma auxiliar do vigia. Sozinho não vale de nada.

O vigia é alguém da comunidade, e isso já inibe a ação de bandidos”, destaca. Kalmon Oliveira destaca que na função do vigia, o profissional executa tarefas como educador, uma ação que as máquinas não podem desempenhar. “Na escola todos somos educadores”, ressalta.

Conforme o dirigente, são inúmeras propostas de projetos que podem ser desenvolvidos pelo vigia junto à comunidade escolar. Esse é o objetivo da formação profissional dos funcionários de escola (profuncionário)”, conclui.