Seduc-MT protela contratação de profissionais da educação e estudantes ficam sem aulas


O início do ano letivo de 2023 acumula prejuízos para a comunidade escolar na rede estadual de Mato Grosso

Publicado: 13/02/2023 19:29 | Última modificação: 13/02/2023 19:29

Escrito por: Roseli Riechelmann

Reprodução

Apesar da aula inaugural promovida pela Secretaria de Estado Educação de Mato Grosso (Seduc-MT), na abertura do ano letivo de 2023, em 3 de fevereiro, boa parte dos estudantes da rede estadual de Mato Grosso permanece sem aulas, por falta de professores. 

O Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) vem registrando as reclamações que chegam na entidade. Entre elas, o fato de dez dias corridos do calendário escolar, que assegura 200 dias letivos obrigatórios, os estudantes se avolumam nos pátios ou em salas de aulas enquanto aguardam que as Diretorias Regionais de Ensino (DRE’s) resolvam o problema criado pelo ‘Sistema’ da Seduc-MT.

Segundo gestores escolares, o “sistema” culpado pela falta de professores nas escolas é o mesmo desde de 2021, quando o Processo de Atribuição de Aulas (PAS) foi implementado, já não deu certo. Somasse a ele, a mudança no sistema de formação de turmas, que só permite abrir uma sala de aula a cada 30 estudantes, e 35, para turmas do ensino médio.

A prática tem gerado atraso na contratação de professores substitutos. Em algumas escolas, com as turmas sendo abertas com as aulas iniciadas, e devido a impossibilidade do contrato retroativo, muitos docentes só serão contratados em Março. Enquanto isso, os estudantes ficam sem ter o que fazer, circulando nos pátios das escolas enquanto a gestão tem que arregimentar todos os profissionais disponíveis para tomar conta dos alunos.

Igor Sá, estudante do Ensino Médio, em Cuiabá, relata que há uma semana está com a grade de aulas em aberto. “A escola está em reforma e não temos biblioteca ou sala de informática, aí ficamos no pátio sem fazer nada, porque a diretora não libera para irmos para casa”, relata.

Dirigentes do Sintep-MT no município de Juscimeira, relatam que a atribuição foi realizada no ano passado, por sala, porém, várias turmas não foram autorizadas por falta de alunos. A escola teve que reorganizar as lotações. E os professores contratados perderam as aulas. “Alguns tiveram que atribuir aulas em três unidades (de forma virtual). A resposta da atribuição para contrato é enviada (link) para o professor. Muitos ainda não receberam notificação e o estado está na segunda semana de aula e faltam professores”, diz a presidente da subsede do Sintep-MT, Neuzi Moraes. 

No Município de Curvelândia com apenas uma escola da rede estadual o desafio não é menor. A dirigente da subsede do Sintep-MT, no município, Ana Paula Carvalho, descreve que a escola está com salas de aulas superlotadas com até 50 estudantes, devido à demora em dividir as turmas e atribuir os profissionais. “Há falta de professores em algumas disciplinas, a climatização é precária, as turmas do noturno não foram autorizadas, e o material didático é insuficiente para o número de alunos”, afirma.