Seduc-MT poderá ser denunciada por crime de prevaricação contra servidora pública


Educadora voltou para o Brasil para obter resposta da Seduc-MT sobre continuidade do doutorado em curso, há dois anos, em Portugal

Publicado: 28/05/2024 15:24 | Última modificação: 28/05/2024 15:24

Escrito por: Roseli Riechelmann

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Professora Andréia na Universidade de Coimbra, durante os dois primeiros anos do doutorado

A desqualificação da gestão da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT) para as pautas educacionais coloca os responsáveis na mira do Ministério Público Federal (MPF), por crime de prevaricação. A acusação movida pela professora doutoranda Andréia Kmita foi registrada no mês de março após inúmeras tentativas de continuidade do curso de doutorado, não respondidas.

Há dois anos estudando na Universidade de Coimbra, a professora foi obrigada a regressar para o Brasil, às pressas, no mês de março, devido à ausência de resposta (deferimento ou indeferimento) a continuidade do doutorado que tem duração média de quatro anos.

Mediante o pedido de prorrogação de doutorado feito pela professora mestra, Andréia Kmita, em 22 de fevereiro de 2024, pela plataforma administrativa Sigadoc-MT, o prazo de resposta da Seduc-MT venceu em 22 de março, segundo as leis estaduais e nacionais (Lei nº 7692, de 1º julho de 2022, 2002 - D.O. 1º.07.02.)

Sintep-MT
Doutoranda aguarda há mais de 4 meses, resposta da Seduc-MT

No entanto, já passaram mais de 120 dias, sem decisão, conforme prazo regimental, a Secretaria ignora os direitos da servidora pública, que foi reconduzida para a sala de aula, na Escola Estadual Liceu Cuiabano, enquanto deixa em aberto o término do doutorado internacional na Universidade de Coimbra (Portugal).

“O transtorno provocado na vida da professora, pelo órgão que deveria apoiar e incentivar a qualificação dos profissionais da educação é sem precedentes, é uma situação que coloca o Brasil e Mato Grosso a anos luz da educação de qualidade. Isso só reafirma o equívoco que é a gestão de uma Secretaria de Educação sob o comando de um engenheiro civil,” destaca o presidente do Sintep-MT, Valdeir Pereira.

Andréia foi obrigada a voltar às pressas para o país para resolver um processo burocrático, que é a continuidade e conclusão da licença para doutorado, que deveria ser automática. Contou com ajuda de amigos europeus para o translado Portugal/Brasil, no mês de fevereiro, e agora está hospedada na Casa do Educador do Sintep-MT, pois se desfez da casa, carro e bens quando foi para Portugal, em 2022. Ao mesmo tempo, perdeu o alojamento universitário, perdeu a vaga do local onde guardava os bens (roupas, utensílios e livros), em Portugal.

Conforme relata a professora, desde 2021, quando solicitou a licença para o doutorado internacional, os conflitos com as normatizações criadas pela portaria da Seduc-MT começaram. A nova equipe, que assumiu o órgão, trouxe itens e exigências incompatíveis até mesmo com as normatizações nacionais. O que promoveu transtornos e incoerências já no início do processo de solicitação de licença.

Andréia conta que foram criadas outras regras “esdrúxulas”, durante os dois primeiros anos do doutorado, que só existem em Mato Grosso. As exigências dificultaram muitos os dois primeiros anos da formação, na universidade internacional.

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Andreia ao lado da professora de espanhol durante atividade do doutorado, em Portugal

Medidas incompatíveis, as quais existem regras estaduais para adequações, mas que a Seduc-MT se recusou a cumprir e flexibilizar, empurrando a decisão de “deferimento ou indeferimento” do doutorado para outras secretarias de departamentos como, a Secretaria de Gestão de Pessoas e outros.  A prática provocou um tumulto na vida pessoal e estudantil da professora.

Vencido o prazo atual para a resposta da Seduc-MT à professora aguarda os encaminhamentos do MPF. Contudo, entra em desespero, com crise de ansiedade que tem gerado problemas alérgicos na pele, em virtude do estresse vivido pelo descompromisso do órgão estadual. “Essa ausência de resposta da Seduc-MT me faz crer, cada vez mais, que eles não sabem o que estão fazendo ou que essa ausência de resposta é proposital”, concluiu.