Seduc-MT não oferece condições para execução política de alimentação escolar nas escolas estaduais


O aumento do número de refeições nas escolas, sem estrutura material e de pessoal, compromete a jornada de trabalho das merendeiras e a execução do cardápio.

Publicado: 17/02/2023 11:24 | Última modificação: 17/02/2023 11:24

Escrito por: Roseli Riechelmann

Sintep-MT/Subsede Primavera
Presidente da subsede do Sintep/Primavera do Leste, Marileuza Rosa, em reunião com as merendeiras

A falta de pessoal levou os profissionais responsáveis pela merenda nas escolas estaduais, a protestarem com a sobrecarga de trabalho e desrespeito à jornada de 30 horas. Em reunião com a subsede do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), em Primavera do Leste (240 km de Cuiabá) as merendeiras relataram os problemas. 

Segundo a presidente da subsede do Sintep/Primavera do Leste, Marileuza Rosa de Souza, o cardápio das grandes refeições, apresentados pela Seduc-MT exige material como liquidificador, forma, câmara fria, forno para assar, que não estão disponíveis. Além disso, alguns alimentos, como panqueca, lasanha, fricassê de frango, destoam completamente da realidade do que seria possível de se executar na merenda, demonstrando um completo desconhecimento acerca da alimentação escolar. "Fora o tempo e mão de obra necessários para preparar, servir quatrocentas panquecas”, exemplifica.

Sintep-MT/Subsede Primavera
Profissionais do Apoio Administrativo Educacional/Nutrição, que executam o preparo da merenda escolar relatam sobrecarga de trabalho e desrespeito a lei da carreira

Outro ponto incluído pela Seduc-MT foi a limpeza do refeitório, atribuição que não é da merendeira, mas está sendo imputada para elas. “Na parte da manhã são três refeições, o que demanda a limpeza do refeitório três vezes, antes de entregar o posto para as trabalhadoras do próximo período. As tarefas exigem que façam horas extras”, denuncia a dirigente.

A situação é ainda mais grave quando se trata de escola em período integral, pois são quatro profissionais para preparar quatro refeições e fazer a limpeza quatro vezes ao dia, na cozinha e refeitório. A solicitação feita ao Sintep/Primavera é que a Seduc-MT amplie mais um profissional, considerando a relação trabalhador/estudante usada pela Seduc/MT.

Não bastasse esses problemas, soma-se a situação de escolas redimensionadas, em que os estudantes, agora da rede municipal, ocupam salas das escolas estaduais. Nesses arranjos, os mesmos profissionais preparam refeições para os estudantes das duas redes, sem ampliação do número de trabalhadores. Em algumas situações com cardápios. “As condições de trabalho na cozinha, está adoecendo as funcionárias e provocando inclusive desistência do contrato”, relata Marileuza.

A dirigente conclui destacando que a situação é insalubre, sem contar que desrespeita a LC 050/1998, quando atribui tarefas não designadas para a função, bem como promove o acúmulo de horas a mais de trabalho não remunerado.