Secretaria de Estado de Educação não faz o dever de casa e deixa estudantes sem professores


O processo de atribuição mais uma vez revela descompromisso do governo com a Educação Pública, prejudicando estudantes e professores

Publicado: 06/02/2024 10:56 | Última modificação: 06/02/2024 10:56

Escrito por: Roseli Riechelmann

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Falta de organização prejudica início do ano letivo nas escolas estaduais de Mato Grosso

Os pais, estudantes e profissionais terão que esperar até que a Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT) consiga fazer o dever de casa, e complete o quadro de trabalhadores da educação, apesar do ano letivo iniciado ontem, segunda-feira (05/02).  A falta de profissionais é avaliada pelo Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), como descompromisso da pasta da Educação e resultado das falhas no modelo de atribuição de classe/aulas (PAS).

A baixa de professores só não é pior do que a redução do número de matrículas na abertura das aulas, com 15 mil estudantes a menos do que o esperado pela Seduc-MT, para 2024.  Conforme dados do governo, a expectativa é de que as matrículas saltem de 304 mil realizadas até às vésperas do início das aulas, em 2 de fevereiro, para 320 mil. Apesar da expectativa, o esperado revela 50 mil estudantes a menos do que o atendimento realizado em 2023. 

Para a secretária de Políticas Educacionais do Sintep-MT, Guelda Andrade, o quadro de aulas incompleto demonstra a falta de compromisso com os estudantes e falta de planejamento e organização da Seduc-MT. 
“O número de vagas abertas para os trabalhadores da educação ainda é muito grande, o que retrata a falta de compromisso do governo com a Educação de Mato Grosso. Não há uma preocupação, nem com os problemas de infraestrutura e nem mesmo com os recursos humanos. Se não fosse possível iniciar o ano letivo, que estendesse por mais uma semana, mas garantisse o quadro de profissionais completo para que os estudantes não tivessem prejuízo, já na primeira semana de aula”, destacou. 

Para o sindicato a mensagem é iniciar as aulas, de qualquer jeito, sem o olhar humano para os estudantes e também para os profissionais que estão nas unidades. A despreocupação fica evidenciada em um vídeo polêmico divulgado nas redes sociais, em que a diretora regional de ensino tenta amenizar o problema e pede aos gestores usarem a criatividade para manter os estudantes em atividade.

Outro ponto destacado pelos dirigentes do Sintep-MT, para o problema da falta de professores, está no falido modelo de atribuição implementado na gestão Mauro Mendes. Criado como solução para o processo anterior, da contagem de pontos, se mostrou infrutífero. Na ocasião, o governo destacava as falhas na contagem de pontos, com suspeitas de fraude nas certificações e até insinuações de apadrinhamento de candidatos pelas escolas.Apesar de todos os problemas citados, a resposta dada pelo governo Mauro Mendes, parece não ter resolvido as falhas. 

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Modelo de atribuição de aulas da Seduc-MT tem gerado mais transtornos do que solução para a comunidade escolar

Segundo elencado por alguns educadores o processo de atribuição iniciado pela ocupação de vagas dos efetivos gerou alguns prejuízos. O primeiro foi a sobrecarga de trabalho, permitindo ao professor efetivo ampliação da jornada, para além das 30 horas. O segundo, está em atribuir aulas livres, antes designadas aos contratados. Agora, restam aulas dispersas em várias unidades, obrigando o contratado a se deslocar para várias unidades. Em muitos casos, acreditam, não há interesse em assumir as turmas.

Além da pulverização, o seletivo realizado com os profissionais interinos tem apontado uma série de denúncias.  Registros que chegam ao Sintep-MT revelam dúvidas e questionamentos sobre os resultados de algumas das etapas, a exemplo das entrevistas, cuja seleção tem sido subjetiva, seguindo interesses do governo. Há registros recentes no Sintep-MT de suspeitas de que a própria Seduc-MT estaria desrespeitando a ordem de seleção do seletivo realizado em 2023, nas convocações anunciadas pelo PAS (Processo de Seleção da Seduc-MT), para atribuição nas escolas.

A falta de transparência das vagas nas unidades escolares é também um motivo de queixa entre os candidatos. No modelo de atribuição anterior, ficavam expostas as vagas e o número de profissionais necessários. Agora o sistema é totalmente obscuro, ficando sob o controle das Diretorias Regionais de Ensino (DRE’s), o braço do governo nas regiões do estado.