Roda de conversa reafirma que a desvalorização de educadores traz prejuízos financeiros e de saúde


Análise feita pelo palestrante convidado revela que parcela significativa dos trabalhadores da educação no estado recebem salários abaixo da linha estabelecida como pobreza cheia (Dieese)

Publicado: 22/07/2024 15:29 | Última modificação: 22/07/2024 15:29

Escrito por: Roseli Riechelmann

Sintep-MT/ Francisco Alves
Educadores que participaram do acampamento da resistência levantam cartazes com mensagens à população sobre o que estão lutando

O empobrecimento dos profissionais da educação da rede estadual de Mato Grosso reflete o empobrecimento de todos os trabalhadores. A análise, do professor doutor em economia, José Menezes, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), convidado para a Roda de Conversa, na manhã de sexta-feira (19/07), no Acampamento da Resistência do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), é baseado em dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos.

O economista destacou que os valores pagos para professores graduados no início e também no fim da carreira não atingem sequer o mínimo necessário às necessidades vitais básicas para uma vida digna que é R$ 6,9 mil (Dieese). “Os valores estão abaixo da linha chamada pobreza cheia, determinada para aquisição dos dez itens fundamentais para a sobrevivência (moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social), conforme o artigo 7 da Constituição Federal”, destacou.

Sintep-MT/Francisco José
Palestrante convidado, professor doutor José Menezes, destaca na história da ocupação de Mato Grosso um projeto de sociedade para poucos

O palestrante tratou do tema “Mato Grosso cresce, mas os/as educadores/as empobrecem”, destacando os impactos do modelo econômico desenvolvido no estado desde sua ocupação. Conforme ele, deveria ser feito um documentário sobre o nascimento de Mato Grosso, revelando que a “terra de ninguém “, ocupada apenas pelos povos originários, se transformou em “Mato Grosso, terra de poucos”.

O professor, apesar de atuar em Alagoas, viveu parte da infância e juventude em Poxoréu e Cuiabá, tendo estudado na Escola Estadual Professor Nilo Póvoas, em Cuiabá, fechada no governo Mauro Mendes. “Essa é mais uma destruição histórica e social do governo. Precisamos ficar atentos, porque apagar nosso passado é comprometer nosso presente e nosso futuro, pois apagam as memórias e sem pegadas a serem seguidas”, ressaltou.

Os impactos da desvalorização salarial do governo do estado desmonta as perspectivas traçadas para a carreira dos profissionais da educação

O debate reforçou a necessidade dos trabalhadores da educação se reconhecerem enquanto coletivo para fazer o enfrentamento, pois claramente o empobrecimento já traz comprometimento financeiro e de saúde. “Estão tendo que ganhar mais e, para isso, sacrificam a qualidade de vida, as horas de lazer, por se subordinar a dupla e triplas jornadas de trabalho”, ressaltou.

A Roda de Conversa teve a participação de dirigentes sindicais de vários municípios que reafirmaram a resistência ao desmonte feito pelo governo Mauro Mendes. “Temos que mostrar para a sociedade as mentiras ditas”, destacou Eurides Ramos, dirigente da subsede do Sintep/Jauru, que mediou o debate.

Sintep-MT/Francisco José
Dirigentes do Sintep-MT em Mato Grosso participam da roda de conversa apresentando os impactos das políticas de Mauro Mendes na educação, em cada município e regional

Foi importante também a colocação de Célia Aparecida, merendeira da subsede de Jangada, que participou do ato, fazendo o enfrentamento, pois, diferente dos professores, os funcionários de escola não têm férias no meio do ano. Apesar do desafio, participou e denunciou a educação não retratada pelo governo, como o fato de haver escolas no município sem professores, seis meses após o início do ano.