Roda de conversa do Sintep-MT debate violência estrutural contra mulheres negras
Palestrantes fizeram a reflexão sobre a violência estrutural vivida por mulheres negras
Publicado: 28/07/2025 17:14 | Última modificação: 28/07/2025 17:14
Escrito por: Roseli Riechelmann

Uma roda de conversa virtual promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), na noite de sexta-feira (25), refletiu sobre o papel e os desafios das mulheres negras na sociedade brasileira e mato-grossense. O evento foi organizado pelos coletivos de Mulheres e de Combate ao Racismo do Sindicato.
As convidadas Roberta de Arruda Chica, professora da Universidade de Cuiabá (Unic), advogada e coordenadora do Comitê Estadual de Prevenção e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (Cetrap), e Myllena Oliveira Portela, psicóloga e mestranda em Educação pela Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), trouxeram reflexões sobre a violência estrutural vivida por mulheres negras, em especial nas áreas do tráfico de pessoas e da violência doméstica.
Roberta destacou que as mulheres negras estão em situação de hipervulnerabilidade frente ao tráfico de pessoas, devido às desigualdades raciais, de gênero e principalmente socioeconômicas. “O racismo estrutural, aliado à desigualdade social, faz dessas mulheres alvos preferenciais de crimes como trabalho escravo e exploração sexual”, afirmou. Ela também citou dados alarmantes como 63% das vítimas de violência no Brasil são mulheres negras, repercutindo os recentes dados do Anuário da Violência Contra as Mulheres.
O debate foi realizado em alusão ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e ao Dia Nacional de Tereza de Benguela. Roberta lembrou que a líder quilombola só foi oficialmente reconhecida em 2014, “evidenciando o grande lapso temporal de negligência e invisibilidade das mulheres negras”.
Já Myllena Portela abordou os serviços reflexivos com homens autores de violência de gênero, em Rondonópolis. Política complementar às ações de proteção às mulheres. Segundo ela, os encontros — geralmente com 10 sessões — buscam promover a autorreflexão e o questionamento de padrões de masculinidade violenta, embora ainda enfrentam desafios como evasão e resistência dos participantes.
Para Myllena, é fundamental combinar educação, prevenção e transformação estrutural para enfrentar a violência de gênero de forma efetiva. Em suas falas destacou que, não basta punir, é preciso mudar as bases que sustentam o machismo e o racismo. A responsabilidade é coletiva”, destacou.
O debate virtual coordenado pela vice-presidente do Sintep-MT, Maria Celma Oliveira, foi apresentado ainda pela representante do coletivo de Mulheres do Sintep-MT, Angelina de Oliveira, com participação da secretária de Políticas Sociais, Leliane Borges, dirigentes e membros do Sintep-MT em todo o estado.