Qualidade da educação é muito mais que múltiplas avaliações

O debate realizado no terceiro painel do XII Encontro Estadual de Educação do Sintep-MT, em 13 de outubro, trouxe à tona preocupações significativas para o futuro dos profissionais da educação. O tema "A Formação, como Valorização Profissional Considerando as Condições de Trabalho dos Profissionais da Educação e o Sinaeb como Pilares da Qualidade da Educação Pública e Gratuita" levou a uma reflexão urgente sobre a necessidade de proteger e valorizar a carreira na educação.

Mesmo diante das ameaças contínuas das políticas em curso, as palestrantes Marilda Oliveira Costa, professora doutora da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), e Rosilene Corrêa, professora e secretária de Finanças da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), apresentaram caminhos para reverter o desgaste e o desmonte que a educação, os profissionais e os estudantes vêm enfrentando no Brasil.

A professora Marilda Oliveira enfatizou que a busca pela qualidade na educação só pode ser alcançada por meio do diálogo coletivo. A educadora questionou qual é a verdadeira qualidade da educação apontada pelos governantes e a quem ela beneficia. “Defendo a qualidade negociada, destacando a importância de envolver professores, estudantes e famílias na definição do que é a qualidade na educação”, disse. 

Segundo Marilda, as múltiplas avaliações às quais os estudantes estão sendo submetidos, especialmente na rede estadual de Mato Grosso, devido às políticas neoliberais que têm afetado toda a estrutura educacional. Conforme a professora, é preocupante a prática excessiva em conteúdos de testes, que limita a educação a áreas como português e matemática, ignorando a importância de uma formação completa.

A professora argumentou que a mudança nas políticas é essencial para reverter o cenário atual. Isso inclui a realização de concursos públicos para garantir estabilidade e carreiras seguras para os profissionais da educação e uma revisão profunda das políticas educacionais que atualmente servem a interesses alheios à qualidade da educação.

Com abordagem focada na formação e valorização profissional a palestrante Rosilene Corrêa, lembrou que a formação deve ser entendida como instrumento de valorização profissional. “Profissionais qualificados significa investimento, e precisa se dar de forma melhor do que está acontecendo”, ressalta a educadora observando que 80% da formação tem ocorrido pela iniciativa privada e em grande número na Educação à Distância. 

Rosilene também lembrou a diminuição do interesse dos jovens pela carreira de professor devido à falta de políticas que valorizem a formação e o avanço acadêmico, bem como à remuneração insatisfatória, apesar da existência do Piso Salarial Profissional Nacional. Ela enfatizou a necessidade de investimentos e destacou o impacto negativo dos recentes ataques aos programas educacionais, entre os quais o Profuncionário.

Rosilene concluiu ressaltando a importância de uma reconstrução efetiva da educação e a necessidade de organização e pressão sobre o Ministério da Educação (MEC) e os governos estaduais para alcançar esse objetivo.

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