Protestos revelam a precarização da educação em Santo Antônio de Leverger


Profissionais dão depoimentos relatando a desestruturação das escolas para receber as crianças

Publicado: 11/04/2022 19:12 | Última modificação: 11/04/2022 19:12

Escrito por: Roseli Riechelmann

Sintep-MT/Edevaldo José

Manifestações emocionadas marcaram as falas de protestos dos trabalhadores da educação municipal de Santo Antônio de Leverger, no último 8 de abril. A assembleia geral de Ato Público, realizada pela subesede do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), em Santo Antônio, trouxe para o debate, a fala de profissionais sobre a face oculta da educação na rede municipal.

“Na minha escola sequer tem panela para a merenda das crianças. As duas que usamos são uma trazida da minha casa e outra da coordenadora”, relatou a educadora Estela Oliveira. Na oportunidade a gestora elencou a falta de bebedouro e geladeira. “A geladeira que temos está com a porta caindo”, disse a diretora Estela Edlaine de Oliveira.

Reprodução

Os relatos feitos foram aplaudidos pelos demais educadores que destacaram a dedicação com que atuam em prol do direito dos estudantes. “Nossos corações estão em luto”, destacou a diretora ao relatar o enfrentamento que fazem diariamente, apesar do descaso da prefeitura, destacou a diretora Adilsa Benedita Santos de Arruda.

Os educadores citaram as diferentes tentativas de calar as manifestações. “Ontem retiraram da fachada da nossa escola, a faixa que expressava nosso pesar, com o texto; ‘Nossos direitos estão em luto’. Retiraram a faixa, mas em nossos corações o sentimento é esse. Mas não vamos recuar, não vamos deixar que acabem com nossas conquistas e nossas lutas por uma educação de qualidade” afirmou a diretora.

Sintep/Santo Antônio de Leverger

Foram várias as citações que destacaram a precariedade das unidades escolares após dois anos de pandemia, em que não houve nenhum investimento. “Não temos material pedagógico, as unidades estão com estruturas péssimas”, apontou outra educadora Maria Tereza de Oliveira Alvarenga.

A ausência de gestão democrática foi destaque, pelos dirigentes que denunciaram a falta de interlocução da prefeita Francieli Magalhães e o assédio moral, impresso por meio do ofício que circulou nas escolas, destacando que a ausência para o ato público do sindicato seria considerada falta e teriam o ponto cortado. 

Marcos Vergueiro
Prefeita de Santo Antônio de Leverger, Francieli Magalhães

As manifestações tiveram apoio de pais e avós de estudantes, como foi o caso da servidora pública, cujo os dois netos estudam no município. Conforme Rosana Brito, “enquanto o professor não for prioridade no país, com salários dignos e respeito ao papel que desempenha na formação de todas as demais profissionais, nossos filhos e netos não terão uma educação de qualidade”, disse.