Projeto de Ensino Médio em Mato Grosso colabora para os altos índices de evasão escolar


Cerca de 7 mil estudantes do Ensino Médio abandonaram os estudos só em 2023, conforme dados da Seduc-MT

Publicado: 16/01/2024 17:05 | Última modificação: 16/01/2024 17:05

Escrito por: Roseli Riechelmann/Sintep-MT

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Dados divulgados pela Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso na mídia estadual, abordando evasão escolar no Ensino Médio, em 2023, reafirmam a ineficácia do projeto em curso para esta etapa de ensino. Uma política de educação que, segundo o Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), intensificou a precarização trazida com a reforma do Ensino Médio, implementada em 2022, e que mantém em alta o abandono escolar.

O Sintep-MT tem feito o alerta de forma recorrente desde da publicação da Reforma do Ensino Médio, em 2017. O projeto que maquia a intencionalidade para o futuro dos jovens no país recebeu no estado uma versão ainda mais cruel, com a desresponsabilização de etapas iniciais de aprendizagem (redimensionamento), políticas excludentes, como as escolas militarizadas, e o fechamento de salas no período noturno, além do encerramento da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

“A formação dos estudantes do Ensino Médio está focada apenas na oferta de conhecimentos elementares, ou seja, não existe em Mato Grosso a opção de formar cidadão, e bons profissionais. O governo do estado hoje não assegura uma política de educação e formação integral para a população”, disse o secretário adjunto das Políticas Educacionais do Sintep-MT, Gilmar Soares.

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Gilmar Soares ,secretário adjunto das Políticas Educacionais do Sintep-MT

Conforme esclarece Soares, a formação está comprometida por um currículo excludente de conteúdos fundamentais. Somasse a essa desestruturação curricular a precarização na contratação de profissionais; a sobrecarga de trabalho; formações continuadas descontextualizadas das necessidades dos profissionais e estudantes; falta de estrutura nas escolas (laboratórios, salas equipadas); além da redução do número de escolas com fechamento de unidades.

Segundo o sindicalista, as práticas contribuem para o desestímulo e desinteresse dos estudantes, já impactados pela defasagem na aprendizagem acumulada no período de pandemia, pela ineficiência das políticas de atendimento educacional.

A evasão de sete mil estudantes em 2023, somadas aos outros 12% de 2022, no Ensino Médio, é vista como fruto de toda essa conjuntura. Para Gilmar Soares, todo esse cenário justificaria a desmotivação por continuar os estudos, que se somam à necessidade de sobrevivência. “Muitos precisam trabalhar para ajudar as famílias e sem uma política focada nas necessidades dos alunos não há como eles permanecerem e o resultado é a evasão, a desistência”, conclui.