Presença de Alan Porto é marcada por protestos e cobranças de educadores e estudantes


O secretário de Estado de Educação, Alan Porto, foi recebido em Barra do Garças com protesto e cobranças contra o modelo pedagógico militarizado, valorização salarial e fim do confisco das aposentadorias.

Publicado: 01/09/2025 12:25 | Última modificação: 01/09/2025 12:25

Escrito por: Sintep/Barra do Garças/ Wanessa Barbosa

Sintep/Barra do Garças
Manifestação pacífica em Barra do Garças, durante visita do Secretário de Estado de Educação, reúne educadores e estudantes em frente ao colégio militar Tiradentes

Um protesto pacífico ocorreu em frente ao Colégio Militar Tiradentes, em Barra do Garças, reunindo professores e estudantes, durante visita do secretário de Estado de Educação, Alan Porto. A mobilização denunciou a militarização das escolas, reforçou a defesa da valorização da educação pública e questionou o confisco das aposentadorias. No local, também foi instalada uma urna do Plebiscito Popular, onde a população pôde votar pelo fim da chamada “escola 6x1” e pela isenção do Imposto de Renda para trabalhadores com renda de até R$ 5 mil.

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Durante manifestação, populares puderam votar no Plebicito nacional pelo fim da escala 6 x 1, isenção de IR até R$ 5 mil

Com cartazes como “Educação se faz com professores, não com generais!” e “Não somos números, chega de ranqueamento das escolas e estudantes”, os manifestantes repudiaram a padronização das aulas e a perda de autonomia pedagógica.

O presidente do Sintep-MT, Gibran Freitas, relacionou a militarização a supostos desvios de recursos: “Desde os Chromebooks que não funcionam até as apostilas da FGV, é um sistema para desviar o dinheiro que deveria estar na merenda, no salário e na reforma das escolas.”

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Presidente da subsede do Sintep/Barra do Garças manifesta contra desvio de finalidade dos recursos da educação 

Outro ponto destacado foi o fechamento de escolas. Segundo o sindicato, Barra do Garças já perdeu nove unidades durante a atual gestão, sendo três delas oficialmente extintas por decreto em 2024. Myllena Letícia, presidente do movimento estudantil secundarista e ex-aluna do Colégio Estadual Heronildes Araújo, uma das escolas fechadas, relatou os impactos da política educacional: a destruição da escola como espaço comunitário e acessível. “A gente vê campanhas de permanência, mas como pode haver permanência se não existe um ambiente em que os alunos consigam permanecer?”, questionou.

Ela também denunciou a exclusão territorial: “Não há escolas nos bairros deles, nos lugares onde eles vivem, e eles têm que se locomover para estudar. Em áreas rurais, também não há escolas. Então, esse governo é um veneno para a educação.”

A professora aposentada Carmem Lúcia C. de Magalhães, viúva de militar, emocionou os presentes ao reafirmar seu apoio à causa mesmo após a aposentadoria: “Me aposentei, mas não me calei. Minha aposentadoria é o reconhecimento por décadas de trabalho, mas minha luta segue pela educação que queremos construir. Eu, que fui esposa de militar, sei muito bem onde é o lugar dele: no quartel. Na escola, quem deve estar são os educadores, formados para dialogar, incluir e formar cidadãos críticos. Militar protege a nação, e professor protege o futuro.”

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Secretário de Estado de Educação evita falar com manifestantes que o  aguardavam em frente ao colégio militar Tiradentes   

Na sequência, Gibran Freitas voltou a criticar a política de ranqueamento de escolas e estudantes, classificando-a como uma visão empresarial da educação: “Hoje, o ranqueamento é como se dissesse que um aluno é bom e outro ruim, que esta escola é boa e aquela é ruim, desconsiderando fatores culturais, sociais, econômicos e familiares que influenciam o aprendizado.”

Ele encerrou sua fala denunciando a ausência de diálogo: “Nós estamos aqui reivindicando, queremos ser ouvidos. Esse governo, em seis anos, nunca sentou com este sindicato para dialogar, como se entendesse tudo de educação, mas na verdade não entendesse nada. Quem entende de educação é quem está na escola e tem formação para isso.”

A presença do secretário Alan Porto era aguardada para tratar dessas e de outras pautas. No entanto, ao optar por sair pela porta dos fundos, ele evitou qualquer contato com a comunidade. O gesto foi interpretado como mais um símbolo da falta de diálogo criticada pelos manifestantes.