Pesquisador do Inep aponta os desvios de finalidades da avaliação educacional


Análise descreve o cenário que os educadores de Mato Grosso vivenciam na escola pública do estado

Publicado: 25/11/2023 19:09 | Última modificação: 25/11/2023 19:09

Escrito por: Roseli Riechelmann

Sintep-MT/ Francisco Alves
Mesa de abertura com participação do pesquisador João Luiz Horta

O Conselho de Representantes do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) está reunido neste sábado (25)e domingo (26) para debater estratégias para promover a valorização da categoria, e unificar a agenda de lutas da educação pública no estado. Na abertura, com a análise de conjuntura tratou-se da introdução dos Sistemas de Avaliação Educacionais no país que foram paulatinamente distorcidos. As avaliações que fariam um diagnóstico para formação docente e outras providências tornou-se um treinamento para testes e mascaram os índices de aprendizagem.

O convidado para análise conjuntural foi o pesquisador e professor João Horta, da diretoria de Avaliação da Educação Básica do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), que destacou a avaliação dos estudantes como apenas um dos componentes necessários para melhorar a qualidade da educação.

Sintep-MT/Francisco Alves
Pesquisador apresenta as pesquisas que constatam os resultados de avaliações  que distorcem a aprendizagem

Conforme demonstrou com gráficos e pesquisas do próprio Inep, o treinamento para as avaliações melhorou o desempenho nos primeiros anos do fundamental, mas isto não tem continuidade nas etapas seguintes.  

Combate aos reformadores empresariais

Horta destaca que o mercado da educação fatura milhões com os recursos públicos colocados à disposição, em troca de sistemas apostilados, elaboração de testes e avaliações para se atingir os índices, até mesmo de crianças da Educação Infantil. Desconsidera a educação pública que busca o respeito às diversidades e diferenças territoriais, culturais, modo de vida.

Em contraponto ao método, o pesquisador apresentou sua defesa pela proposta de um novo modelo ao Ideb que vá além do resultado do aprendizado pelo desempenho no teste. O modelo traz outros resultados que são importantes para a qualidade da educação que seriam equidade, investimento, direito do cidadão, ensino/aprendizagem, infraestrutura das escolas, condições profissionais e atendimento escolar. O objetivo é a qualidade para se ter um aluno educado, e não apenas preparar para competir.

Horta ressalta que a visão empresarial de educação, baseada em testes, não é educação. “Na escola não se pode ter vencidos e vencedores, não é competição. Todos têm o direito de aprender e se desenvolver”, afirmou.

Sintep-MT/Francisco Alves
Presidente do Sintep-MT, Valdeir Pereira, entre as dirigente Leliane Borges e Maria Luiza Zanirato na análise de conjuntura

A fala do pesquisador descreveu o cenário que os educadores de Mato Grosso vivenciam na escola pública, e que tem registrado estresse e adoecimento da categoria. Na oportunidade, o presidente do Sintep-MT destacou que parte da categoria ainda não se deu conta do quadro a que estão sendo submetidos, e trabalham num ritmo desenfreado em busca de gratificações e através da meritocracia. “Nossas defesas por valorização salarial ainda não ganharam corações e mentes”, destacou.

O primeiro dia de Conselho de Representantes foi encerrado com os trabalhos de grupos das regionais do Sintep-MT, que apresentaram amanhã os encaminhamentos a serem deliberados coletivamente para as ações sindicais em 2024.  
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