Pais rejeitam programa de recomposição da aprendizagem em escolas de Várzea Grande
Comunidades escolares estão se manifestando contrários a política de segregação de estudantes apresentada pela Seduc-MT
Publicado: 29/05/2025 11:36 | Última modificação: 29/05/2025 11:36
Escrito por: Roseli Riechelmann

Duas reuniões realizadas esta semana, após o envio do Programa de Recomposição da Aprendizagem (PRA) para as escolas, pais e responsáveis por estudantes de duas unidades no município de Várzea Grande (região metropolitana da Baixada Cuiabana) - Escola Estadual Ubaldo Monteiro da Silva e EE Professor Fernando Leite de Campos - rejeitaram o Projeto da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT).
As reuniões convocadas pelas equipes gestoras para apresentar a proposta do PRA, foram concluídas com a negativa ao projeto. Os pais não concordaram com a unificação de alunos do 1º, 2º e 3º anos do Ensino Médio em uma mesma turma, como forma de acelerar o processo de aprendizagem e corrigir a defasagem idade-série.
Na Escola Ubaldo Monteiro a direção informou que, a avaliação da Seduc-MT identificou 69 alunos em situação de defasagem, com base em dados internos e avaliações externas, e propôs que esses estudantes fossem alocados em uma nova turma até o final do ano letivo para concluir o Ensino Médio.
A proposta, no entanto, gerou indignação e críticas. Muitos pais alegaram que não foram devidamente informados sobre a mudança, sendo comunicados apenas por grupos de WhatsApp.
Além da falta de comunicação, os pais demonstraram preocupação com a qualidade da aprendizagem em uma turma multisseriada. Um pai questionou, qual o benefício de empurrar um aluno para frente se ele não tem base para entrar numa faculdade? Um professor de sociologia reforçou que a proposta não garante aprofundamento do conteúdo, e sim uma redução preocupante do tempo escolar. “Se fosse para melhorar mesmo, teria que oferecer mais aulas, não juntar turmas.”
A representante do Conselho Estadual de Educação (CEE-MT), Maria Aparecida Cortez, presente na assembleia realizada na EE Ubaldo Monteiro, alertou que a proposta não possui respaldo legal. Citando a LDB e a Resolução 009 do próprio Conselho Estadual de Educação, ela afirmou que mudanças curriculares como essa precisam ser discutidas pelo coletivo da escola e realizadas no início do ano, com base em avaliações internas. “O que está sendo proposto é frágil, sem embasamento legal, e pode até ser considerado um crime educacional. Estudantes estão sendo deslocados de suas turmas sem o devido registro, o que traz riscos para a escola”, afirmou.
Os gestores das escolas vão discutir a situação com a Seduc-MT. Enquanto isso, estudantes e familiares seguem preocupados com o impacto das mudanças propostas, principalmente pela insegurança jurídica e pedagógica envolvida.