Pais e familiares em Sinop exigem condições para filhos estudarem


Série de reformas apressadas nas escolas estaduais são apontadas como eleitoreira, pois se dá no apagar das luzes da gestão, sem programação e organização para a continuidade das atividades escolares

Publicado: 22/09/2022 18:33 | Última modificação: 22/09/2022 18:33

Escrito por: Roseli Riechelmann

Reprodução
Faixas e cartazes mostravam a indignação contra o desrespeito do governo

Os pais de estudantes da Escola Estadual Paulo Freire, em Sinop (505 km da capital) conseguiram audiência no Ministério Público Estadual nesta quinta-feira (22/09). A agenda se dá após protesto realizado ontem (21). Com faixas e cartazes o grupo de pais cobrou serem “Ouvidos pela Justiça”. Eles são contrários ao remanejamento de parte das turmas, imposto pela Secretaria de Estado de Educação, para obras em cinco salas da escola, há três meses do encerramento das aulas.

A indignação dos pais se deve a decisão arbitrária da escola, realizada por intermédio da Diretoria Regional de Educação (DRE) de Sinop, sem consultá-los. Conforme relatos feitos, os estudantes estavam em aulas híbridas há 90 dias, por decisão coletiva. E agora, de forma arbitrária a DRE decide remanejá-los.

Sintep/Sinop
Mobilização de pais em frente ao Ministério Público por escola decente para os filhos 

“Faltando três meses para acabar o ano letivo, fazem uma reviravolta na vida das crianças, depois que já estávamos ajudando nas aulas virtuais. Não aceitaremos”, denuncia Roberto Dias Bento, que tem três filhos matriculados na unidade, de 13, 12 e 10 anos.

O pai está inconformado com a proposta feita pela DRE de mandar os estudantes, no caso o filho de 10 anos, para um prédio que fica localizado a 7 km da região e próximo a BR 163. Conforme acredita, essa manobra seria ainda mais prejudicial para a aprendizagem do que o sistema híbrido.

“Vamos cobrar da Justiça nossos direitos, essas reformas politiqueiras, para o governo ganhar voto, com três meses para o final do ano. Sem projeto de começo, meio e fim, vão alterando as obras e tentando buscar os recursos durante o processo, sem se importar com os estudantes”, disse.

Sintep/Sinop
Mobilização resultou em agenda com a promotoria para buscar solução para  garantir o direito dos estudantes 

Segundo Roberto, outras duas escolas passam pelo mesmo transtorno. Em uma delas, a Escola Estadual Nossa Senhora de Lourdes, onde a reforma foi ainda mais severa, ficaram esperando pelo local para transferir os estudantes, como não vieram, estão estudando no canteiro de obras. E para o pai, o que foi contraditório é que a unidade fica nas proximidades da Unic, no município, onde querem encaminhar parte da turma da EE Paulo Freire.

O transtorno não atinge apenas os estudantes, mas toda a comunidade escolar. Porém, os profissionais estão impedidos de se manifestar. Segundo a presidente da subsede do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), em Sinop, Eliane Carvalho de Oliveira, que participou do ato dos pais, na quarta-feira, os profissionais foram intimidados pela DRE e pela escola a não participarem.

“Fui convidada para ir à promotoria para participar da mobilização. Chegando lá não tinha um professor, um funcionário da limpeza, da merenda, somente os pais. Eles foram impedidos de participar, estão sendo coagidos. Estamos vivendo um retrocesso gigantesco”, relatou.