Onda de assaltos e vandalismo em escolas estaduais reforça necessidade de mais vigias
Sintep-MT sai em defesa de Concurso Público para cobrir as vagas existentes e garantir a segurança da comunidade escolar
Publicado: 18/10/2023 12:04 | Última modificação: 18/10/2023 12:04
Escrito por: Roseli Riechelmann
Novos registros de assaltos e vandalismo em escolas estaduais de Mato Grosso reforçam a cobrança do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) por mais vigias nas unidades escolares. Duas unidades tiveram invasões e roubos durante o feriado de 12 de outubro, segundo relatos feitos por profissionais da educação estadual.
Desde 16 de dezembro de 2022, a Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT) suspendeu o contrato dos profissionais e remanejou os efetivos para unidades em todo o estado, deixando na maior parte das unidades, apenas um ou dois profissionais por escola. Contudo, o número é insuficiente, principalmente quando a unidade tem prédios anexos, como é o caso da EE Dante Martins de Oliveira, em Várzea Grande. “O prédio anexo fica desguarnecido, dois profissionais significa um dia sem ninguém”, relatam os educadores.
Segundo o secretário de Funcionário do Sintep-MT, Klebis Marciano, os três dias de debates sobre o cenário da educação em Encontro Estadual, evidenciaram que apenas o uso da tecnologia, com o monitoramento eletrônico, defendida pelo governo do estado, é insuficiente para atender às demandas da função do vigia. "Nossa deliberação é pela realização de um Concurso Público para todas as funções da carreira, com vagas suficientes para suprir a demanda das escolas", defende o dirigente.
Dados fornecidos pelos próprios vigias revelam que as unidades escolares estão desprotegidas, e atos de vandalismo, como ocorrido no feriado de 12 de outubro na Escola Estadual Dante Martins de Oliveira, são comuns. Na maioria das escolas, há apenas um vigia que atua no período noturno, sem substitutos para o período de férias trabalhistas. Um Apoio Administrativo Educacional, que preferiu não se identificar, brinca dizendo que nos demais turnos, a unidade fica "sob os cuidados de 'Deus'".
Na avaliação dos trabalhadores da educação, a realidade de uma escola é diferente de uma fábrica ou galpão fiscalizados por video-monitoramento. Primeiro, porque as câmeras só servem para registrar as ocorrências após o evento ter ocorrido. Elas não atendem às necessidades de segurança que existem com a presença de vigias. "Os profissionais cuidam do patrimônio, mas também têm um olhar para a comunidade no entorno da escola e da própria unidade. É uma tarefa humanizada, como deve ser o trabalho educativo", afirma Klebis Marciano.
A tecnologia como auxiliar do processo educativo é uma realidade mundial, mas é preciso considerar que tipo de realidade estamos tratando. Em Mato Grosso, até mesmo a internet é um desafio para muitas escolas. "Há unidades com câmeras expostas, mas sem funcionamento. Um problema com o corte de fiação de câmeras na EE Eliane Digigov, em Cuiabá, sequer registrou o assalto, durante o turno aberto pela falta de vigia, o que confirma a ineficiência da medida do governo", concluiu um dos trabalhadores da educação na rede estadual.