Docentes da rede pública de Mato Grosso pedem respeito e valorização
Sintep-MT parabeniza professoras e professores pelo espírito de resistência, resiliência e dedicação profissional
Publicado: 15/10/2024 15:31 | Última modificação: 15/10/2024 15:31
Escrito por: Roseli Riechelmann
O Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) celebra o Dia 15 de Outubro, Dia dos Professores, parabenizando o espírito de resistência e resiliência daqueles que escolheram a carreira docente. Em Mato Grosso, só na Educação Básica Pública, são mais de 50 mil docentes. Profissionais que, além de reconhecimento, exigem respeito e valorização salarial.
Segundo o presidente do Sintep-MT, Valdeir Pereira, as professoras e professores não desejam ser vistos como heróis ou heroínas. Neste 15 de outubro, mais do que elogios, eles esperam mudanças. A recompensa adequada para aqueles que têm a responsabilidade de instruir toda a sociedade é o salário digno, o diálogo participativo no ambiente escolar, a liberdade de cátedra e o respeito — direitos que têm sido negados pelos governos e estão cada vez mais ameaçados no ambiente escolar.
A profissão de professor enfrenta hoje um cenário de assédio, desrespeito, sobrecarga de trabalho, falta de condições adequadas e baixa valorização, conforme destaca o professor Everton Rodrigo Tatoo. Ainda assim, ele afirma que o Dia 15 de Outubro é uma data importante para comemorar. "Esperança, solidariedade e resistência nos movem na espera de dias melhores, pois é pela nossa profissão que todas as outras são formadas", ressaltou.
Assim como Everton, a professora Maria Eliete Leão, educadora da rede municipal de Pedra Preta há 29 anos, também vê o trabalho docente como gratificante, especialmente ao encontrar pessoas que passaram pelo processo de alfabetização e aprendizagem e hoje são motoristas, médicos, engenheiros. "Ver essas conquistas é imensamente gratificante", afirma.
Apesar dessa resiliência, uma pesquisa sobre o Perfil e Desafios dos Professores da Educação Básica no Brasil, divulgada em maio pelo Instituto Semesp (Sindicato das Mantenedoras do Ensino Superior), revelou que, entre os 444 docentes entrevistados das redes públicas e privadas de todo o país, oito em cada dez pensaram em abandonar a profissão.
A professora Lucila Tereza, do município de Nova Canaã, com quase 20 anos de atuação, também acredita que ser docente está cada vez mais difícil. Educadora da rede estadual de Mato Grosso, ela vivencia diariamente o adoecimento nas escolas, agravado por salas de aula superlotadas, aumento das tarefas burocráticas e uma carga constante de cursos online. Esse cenário tem gerado ainda mais estresse e esgotamento.
"O que eu sinto é que aquilo que mais importa em sala de aula, está perdendo a relevância. A normalização disso nas escolas é surpreendente. Não vejo muito o que comemorar. Hoje, a gente brinca: 'Ah, que saudades do tempo em que matávamos um leão por dia'. A gente aguenta, mas não sei explicar como", desabafa.