Metade das escolas de Mato Grosso não tem estruturas adequadas
Das 767 escolas estaduais, metade não tem internet banda larga; 17 não têm banheiro e 7 não possuem energia, 33 não possuem esgoto sanitário e 8 não têm água potável, diz levantamento
Publicado: 26/06/2021 19:48 | Última modificação: 26/06/2021 19:48
Escrito por: Redação/G1
Um levantamento do Instituto Rui Barbosa, com base no Censo Escolar 2020 divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostra que 49,15% das escolas estaduais de Mato Grosso não possuem internet banda larga para auxiliar os alunos nos estudos. Além disso, 66 escolas não têm água potável para consumo.
A pesquisa reúne dados como falta de internet, internet banda larga, falta de banheiros, esgoto, água, água potável, energia e falta de pátio ou quadra coberta.
De acordo com o Instituto, a pesquisa é feita com base no Censo Escolar que é respondido anualmente pelas secretarias de educação de cada município. Todos os dados são autodeclaratórios.
Mato Grosso
O estado tem 767 escolas estaduais, com 361.454 alunos matriculados. Cerca de 29 escolas não possuem internet, e 377 não têm internet banda larga.
Além disso, 17 não possuem banheiros. Nelas, estudam 3.445 alunos, que não têm onde fazer as necessidades fisiológicas. Outras 33 não possuem esgoto sanitário, 8 não têm água potável e 7 escolas não têm energia.
Mais de 34 mil alunos não têm acesso à água potável nas escolas e 228 unidades escolares não possuem pátio ou quadra coberta para as atividades.
O Censo Escolar ainda categoriza o que é considerado cada item:
Internet: não há qualquer acesso à internet na escola, isto é, não há internet para uso dos alunos, nem para uso administrativo ou da comunidade, e nem para uso nos processos de ensino e aprendizagem;
Internet banda larga: não há qualquer acesso é internet banda larga na escola, semelhante à variável internet;
Banheiro: não há banheiro nas dependências físicas existentes e utilizadas na escola;
Esgoto: não existe esgoto sanitário (rede publica ou fossa);
Água: não tem abastecimento de água (seja rede publica, poço artesiano, cacimba, cisterna, poço, fonte, rio, igarapé, riacho, córrego). Observação: isso não significa dizer que a escola não fornece água potável para o consumo humano;
Água potável: não há fornecimento de água para o consumo humano;
Energia: não possui energia elétrica na escola (seja rede publica, gerador movido a combustível fóssil, fontes de energia renováveis ou alternativas – gerador a biocombustível e/ou biodigestores, eólica, solar e outras);
Pátio ou quadra de esportes coberta: não há pátio coberto nem quadra de esportes coberta nas dependências da escola, espaço que poderia ser uma alternativa para garantir atividades pedagógicas com distanciamento social entre professores e alunos.
A Secretaria de Estado de Educação (Seduc-MT) informou, em nota, que vai repassar, este ano, cerca de R$ 7 milhões para todas as escolas da rede estadual contratarem serviço de internet com no mínimo 200 megabits, adquirirem roteadores e prover melhorias na infraestrutura de cabeamento das salas de aulas, com roteamento de sinal para cobertura (WiFi) de todos os espaços da escola. "Além dos repasses para garantir a internet, o governo já repassou R$ 3,5 mil para quase 18 mil professores comprarem um notebook e eles vão receber, por 3 anos, R$ 70 ao mês para pagamento da internet", diz.
Sobre a infraestrutura, a Seduc alega que desde 2019 o governo já entregou as obras de 15 escolas estaduais que receberam reforma geral e ampliação. Estão em andamento: construção de 10 novas escolas, reformas/ampliações de 6 escolas e a construção de 4 quadras poliesportivas.
Até 2022, pelo Programa Mais MT, serão construídas 35 novas escolas (contando com as 3 já entregues e as 10 em andamento) e 21 novas quadras poliesportivas. Em todo o estado, estão previstas reformas e ampliações em 380 escolas até 2022.
Nesta quarta-feira (16), o governo do estado publicou decreto que aumenta em 47% o repasse automático de recursos financeiros às unidades escolares da rede pública de ensino, destinados à execução do Projeto Político Pedagógico (PPP).
Cuiabá
Em Cuiabá, foram avaliadas 73 escolas estaduais, que, em 2020, somadas, tinham 50.667 alunos matriculados. De acordo com o questionário, todas as escolas estaduais localizadas na capital possuem internet, mas 24 não têm banda larga.
Além disso, as unidades de ensino têm esgoto, banheiro, energia, água, mas oito não contam com água potável para o consumo dos alunos, professores e administradores da instituição.
Em relação à estrutura, 11 não possuem pátio e quadra de esportes coberta para aulas pedagógicas ou prática de esportes.
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação, que enviou os dados do Censo Escolar diz que a migração de informações do sistema da pasta para a plataforma do Censo da Educação Básica, no ano passado, foi realizada em meio a pandemia, momento em que os servidores se encontravam em trabalho remoto o que acarretou alguns equívocos na inserção das informações.
"A Secretaria Municipal de Educação identificou essas inconsistências, e já está já sanando todas elas portanto, no Censo Escolar da Educação Básica de 2021, já estarão atualizadas. No que diz respeito a presença de quadras cobertas esclarece que as modalidades de Ensino oferecidas na rede pública municipal, não necessitam essencialmente dessas estruturas. Mesmo assim, várias unidades foram equipadas com quadras poliesportivas cobertas", argumenta.
Várzea Grande
Já em Várzea Grande, o segundo maior município de Mato Grosso, 46 escolas estaduais, que possuem 29.709 alunos, ao todo, foram avaliadas. O levantamento identificou que não há internet em uma escola e nem internet banda larga em 15 unidade de ensino.
Além disso, não há esgoto, internet e água potável em uma escola. Doze escolas não possuem pátio e quadra coberta para realizar as atividades físicas e prática de esportes.
Não há falta de energia, banheiros ou água em nenhuma escola.
A Secretaria Municipal de Várzea Grande disse que o município reformou 90% das unidades desde o ano passado, mas não comentou o estudo. Todas as unidades possuem internet, sendo que a maioria com cobertura de banda larga.
G1 MT