“Mais que discursos, queremos ações de valorização dos educadores de MT”, diz dirigente


Palestras motivacionais do governo Mauro Mendes para a educação não apontam valorização profissional

Publicado: 18/08/2022 14:32 | Última modificação: 18/08/2022 14:32

Escrito por: Roseli Riechelmann/Sintep-MT

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Em quatro anos de governo Mauro Mendes nenhuma das pautas motivacionais dos educadores foram cumpridas

O Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) faz duras críticas ao projeto de incentivo do governo Mauro Mendes para os professores e estudantes, por meio do EduMotivação. Um pacote de palestras motivacionais roda as diferentes regiões do estado, suspendendo aulas, para que uma especialista e o secretário de estado de educação, Alan Porto, destaque os feitos da gestão como melhorias para a educação da rede estadual.

Nesta quinta-feira (18/08) os profissionais da EE Albert Einstein, de Matupá (720 km de Cuiabá) abriram a atividade motivacional do governo, com cartazes e faixas onde se pontuava o que é motivação para os educadores. Nas faixas se lia: motivação para professores é RGA; desburocratização e condições de trabalho; aplicação correta dos recursos do Fundeb (piso e rateio).

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Profissionais da educação de Matupá colocam em cartazes as motivações necessárias para a categoria, em atividade do EduMotivação do governo Mauro Mendes

O ato foi recebido pelos presentes com aplausos que duraram por minutos. “O protesto foi magnífico de ver, ouvir e sentir”, destacou, Luzia Rodrigues Arruda, a vice-presidente da subsede de Peixoto de Azevedo. A atividade regionalizada reuniu professores de vários municípios. Na leitura da dirigente, “estão trabalhando processos neurais e linguísticos, baseados no momento atual, querendo imprimir a sensação que está tudo bem”, disse.

No município de Barra do Garças (515 km de Cuiabá) o diretor da regional Vale do Araguaia, Gibran Dias de Freitas, relata que devido ao desinteresse dos profissionais em participar, a Secretaria de Estado de Educação alterou a data da realização da atividade e obrigou a participação oferecendo pontos extras e participação como jornada de trabalho. 

A lógica sobre a palestra motivacional se mostra semelhante entre os trabalhadores da educação. “Se o governo pagasse os quase 50% de perdas salariais, que nega aos profissionais nos últimos quatro anos de gestão, não apenas professores, mas toda a escola estaria com saúde mental e disposição, até o fim da gestão, mesmo diante do desmonte pedagógico realizado”, destacou, Gibran Dias.

Em Mirassol d’Oeste, trabalhadores da educação que participaram da atividade relataram a desmotivação em permanecer na palestra. Segundo relatos o local estava quente e cheio, revelando desorganização para receber os educadores. “A palestrante, por mais gabaritada que seja, não conseguiu manter a atenção diante do incômodo gerado no ambiente. A fala do secretário foi destacando os “feitos” no governo na Educação de Mato Grosso. Às vésperas do período eleitoral tiveram mais cara de politicagem”, destacou o professor Nermon Maciel. 

Não está claro para os profissionais a origem do recurso alocado para a atividade, mas alguns apontam que a ação transparece estratégia eleitoreira. “A campanha eleitoral foi aberta e o secretário da pasta difundindo para os educadores os feitos do governo, naquilo que consideram melhorias na educação. É total o desconhecimento da vida do profissional na escola. “Mais que discursos, queremos ações concretas de valorização dos educadores de Mato Grosso”, afirma o secretário de comunicação do Sintep-MT, Edevaldo José.

Dentro das ações motivacionais o Sintep-MT elenca algumas que foram deixadas de lado na gestão Mauro Mendes e gerou não apenas desmotivação, mas insatisfação e revolta.

Confira as motivações necessárias, governador:

•             Cumprir recomposição do Piso Salarial da Educação, em 2022, nos índices pleiteados de 21.52%;
•             Garantir a política da dobra do poder de compra (Lei nº 510/2013), interrompida na gestão Mauro Mendes;
•             Pagamento da RGA dos anos 2019, 2020, 2021 e 2022;
•             Revogar a taxação dos 14% dos aposentados e pensionistas do estado;
•             Revogação do Decreto 723/2020 e garantir a institucionalização do pacto federativo constitucional previsto na LC 049/98 (Sistema Único de Educação Básica Pública em MT) no atendimento da demanda educacional para superação das desigualdades educacionais entre as redes estadual e municipal;
•             Retomar a Gestão Democrática nas Escolas para garantir a efetividade da Lei 7.040/98 e cobrar da SEDUC a realização da CONGED;
•             Cumprimento das metas e estratégias do Plano Estadual de Educação.

Para os dirigentes sindicais, a proposta motivacional vem com anos de atraso. Atualmente os educadores estão desesperados diante do retrocesso que o governo Mauro Mendes implementou na educação do estado. “A melhor motivação que o governo de Mato Grosso Mauro Mendes poderia ter feito era respeitar os direitos de carreiras e valorizar os educadores/as. Agora a motivação é pela mudança política”, conclui Edevaldo José.