Justiça decreta a legalidade da Greve da Educação de MT em 2019


A decisão foi tardia mas confirma a argumentação dos trabalhadores da educação de que greve foi e é legal, mas o governo continua imoral

Publicado: 20/05/2022 17:57 | Última modificação: 20/05/2022 17:57

Escrito por: Roseli Riechelmann

Sintep-MT
Votação ocorrida em Assembleia durante acampamento dos 79 dia de greve de 2019

Na última quinta-feira (19/05) o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) em julgamento presidido pela desembargadora Maria Erotides Kneip, decretou a legalidade da greve, de 79 dias, realizada em 2019, pelo Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT). A decisão unânime, de todos os desembargadores presentes, torna ilegítimo o corte de salários feito pelo governo Mauro Mendes aos trabalhadores da educação que participaram do movimento paredista e derruba a cobrança de multa diária imposta ao Sindicato. 

Em seu voto, a desembargadora revogou a liminar anteriormente concedida e extinguiu a obrigação de pagamento da multa diária por descumprimento da decisão liminar. Em virtude do estudo do caso, na íntegra, considerou as reivindicações feitas pelo Sintep-MT em acordo com a legislação. A greve, segundo ela, foi motivada pela falta de diálogo com o governo, descumprimento das legislações de recomposição salarial e Dobra do Poder de Compra, como estabelecido na Lei Complementar 510/2013. A desembargadora reconheceu que o Sintep-MT cumpriu todas as formalidades antes de deflagrar a greve e também todas as obrigações, depois que acabou a greve.

Assessora Jurídica do Sintep-MT, Ignêz Linhares, faz defesa oral em sessão que decidiu pela legalidade da greve de 79 dias do Sintep-MT, em 2019 

A assessoria jurídica do Sintep-MT, Ignez Linhares, fez sustentação oral defendendo a legalidade da greve, apresentando o descaso do governo Mauro Mendes, o descompromisso com as promessas feitas em campanha, e o descumprimento da legislação de recomposição salarial e Lei 510/2013.
O Procurador de Justiça de Mato Grosso, Luís Alberto Scaloppe, representando o Ministério Público de Mato Grosso, retificou o parecer do Procurador de Justiça Paulo Ferreira Rocha, fez destaques relevantes sobre o caso. Em seu parecer oral sustentou que a postura do Governo durante a negociação com a categoria foi vergonhosa, diante do que, segundo destacou, são os subsídios concedidos pelo governo a vários setores do estado.

Prioridade

O procurador fez menção ao fato de o governo alegar não ter recursos, contudo, promove "incentivos econômicos faraônicos” a setor do estado que não necessitam mais de subsídios e incentivos. “A argumentação do governo de que não tem condições de cumprir com as reivindicações, contribui com a precariedade do trabalho do professor”, disse. Rechaçou ainda a manifestação de que apenas o direito à educação é direito fundamental, “Direito à educação isso é inquestionável, mas é direito fundamental também é a dignidade pessoal de se organizar em defesa da sustentação da sua vida”, destacou o procurador.

Trabalhadores da educação estadual mobilizados em ato durante movimento paredista

“A decisão da legalidade da greve por parte do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, apesar de tardia, demonstra que estávamos certos. Mas, o estrago já foi feito, quando o governo suspendeu as remunerações e não atendeu a pauta. Os impactos que os trabalhadores amargam com desvalorização em razão da truculência e insensibilidade da gestão Mauro Mendes, torna a decisão quase sem efeito prático”, destacou o presidente do Sintep-MT, Valdeir Pereira.

Para a secretária de Assuntos Jurídicos do Sintep-MT, Maria Celma Oliveira, a decisão do TJMT restabeleceu a Justiça na luta contra um governo autoritário seletivo, que escolhe qual é a lei que vai cumprir. “Demonstra que sempre estivemos certos, que se há ilícito ele é cometido pelo governador Mauro Mendes, ao descumprir o que está em lei. Se agiganta para atacar os direitos dos trabalhadores, especialmente da educação, mas é benevolente com as classes ricas do Estado, ao conceder isenções “faraônicas” e privilégios”, destacou. O acordão ainda não foi publicado e após o trânsito em julgado dessas decisões, o Sintep-MT avaliará medidas para reparar eventuais prejuízos sofridos pela categoria.

Secretária de Assuntos Jurídicos do SIntep-MT, Maria Celma, destaca  os direitos assegurados pela legislação e que deveriam ser respeitados pelo governo do estado

Também o secretário de Redes Municipais do Sintep-MT, Henrique Lopes, que já esteve à frente de outros movimentos grevistas do sindicato fez a seguinte ponderação. “Impraticável e ilegal é o governo Mauro Mendes. Fica confirmado, inclusive pelo TJMT, o que o Sintep-MT falou durante os 79 dias de greve. De que nosso movimento era para além de legal e legítimo. Mesmo que tardia, o TJMT está fazendo justiça. Mas os profissionais da educação estão na iminência de continuar a luta e dispostos a uma nova greve para ver seus direitos de terem seus salários corrigidos”, concluiu.

Veja aqui a audiência do TJMT

Confira aqui os atos em 79 dias de Movimento Paredista na rede estadual:

Assembleia Geral 07 de Dezembro
09 de Agosto Assembleia Geral
Ato em Várzea Grande - Cristo Rei
ASSEMBLEIA GERAL DA EDUCAÇÃO
Campanha de Arrecadação Solidária 1
Campanha de Arrecadação Solidária 2
GREVE GERAL
Campanha de Arrecadação Solidária 3
Acampamento Palácio Paiaguás
Acampamento Palácio Paiaguás 2
Profissionais da Educação da rede estadual, em greve há 74 dias