Infraestrutura e dinheiro na escola são prioridades, diz Fórum da Educação


Matéria publicada em janeiro de 2024, destacou os pontos encaminhados pelo Fórum Nacional de Educação na Conae 2024, sobre a relevância para mais investimentos na educação pública

Publicado: 07/02/2024 16:53 | Última modificação: 07/02/2024 16:53

Escrito por: Eduardo Militão/ UOL

Jaelson Lucas

(Reprodução UOL) Infraestrutura nas escolas, mais professores concursados e aumento do financiamento são as três prioridades para melhorar a qualidade da educação nos próximos 10 anos, disse o coordenador do Fórum Nacional da Educação, Heleno Manoel Araújo Filho, em entrevista ao UOL neste domingo (28).

O que aconteceu

O fórum organiza a Conferência Nacional de Educação, para definir propostas para o Plano Nacional de Educação entre 2024 e 2034. O evento começa neste domingo (28) e continua até terça-feira (30).

Eduardo Militão
Heleno Araújo, presidente da CNTE e coordenador do Fórum Nacional de Educação

Infraestrutura é essencial para o ensino básico, disse coordenador do fórum. Em entrevista antes de o evento começar, o professor Heleno Araújo, 59 anos, que dá aulas no ensino fundamental em Paulista (PE), disse que a infraestrutura das escolas de ensino básico é uma prioridade. "A Constituição fala que todas as escolas têm que ter um padrão mínimo de qualidade", avaliou.

Dados do Inep [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais] mostram que tem escola que não tem banheiro, energia elétrica, água, biblioteca, alerta Heleno. "A infraestrutura, para ter um ambiente gostoso de estudar e ficar, para evitar a evasão escolar e para criar relacionamento melhor entre professores e estudantes, é que o que estamos demandando", acrescentou

Professor destaca que a falta de professores poderia ser resolvida com mais infraestrutura. A corriqueira situação de alunos que ficam sem aula por causa da desorganização na substituição de docentes em férias ou mesmo pela falta de pessoal de apoio seria resolvida se houvesse uma infraestrutura melhor, diz Araújo.

O coordenador do Fórum Nacional da Educação, que lecionou em escola particular, citou um exemplo para mostrar a diferença na estrutura. "Quando o professor precisava faltar, o aluno não largava antes. Ficava na escola porque uma coordenação e equipe de apoio que ia trabalhar com esses alunos na biblioteca, na sala de teatro e artes", lembrou. "Na escola pública, você sente isso porque não tem espaço e não tem equipe. Por isso, a infraestrutura tem importância muito grande", concluiu

País precisaria contratar 1 milhão de professores concursados. Além disso, o país precisaria substituir os professores temporários por concursados. Hoje, dos 2,2 milhões de docentes, 60% são provisórios. Para Heleno, em vez de apenas 800 mil professores concursados (40%), deveria haver 1,9 milhão (90%), um acréscimo de mais de 1 milhão de profissionais.

"Tem que ser profissional da educação concursado e profissionalizado", defendeu o professor. "Isso está na Constituição e não é cumprido. Isso é valorizar o quadro de pessoal", ressaltou o coordenador.

Investimentos caíram apesar da proposta do último plano
A terceira prioridade é aumentar o financiamento da educação. O último Plano Nacional de Educação aprovado, em 2014, definiu que o país deveria investir, pelo menos, 10% de seu Produto Interno Bruto (PIB) no setor.