Funcionárias da merenda escolar denunciam sobrecarga de trabalho e falta de profissionais


Seduc-MT muda regras da Portaria, reduz funcionários da merenda, precariza atendimento e compromete saúde do trabalhador

Publicado: 23/02/2022 19:05 | Última modificação: 23/02/2022 19:05

Escrito por: Roseli Riechelmann

REPRODUÇÃO - JP Rodrigues

O Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) recebeu denúncias de sobrecarga de trabalho de funcionárias de escolas estaduais de Mato Grosso, no cargo de Apoio Administrativo Educacional (AAE), função nutrição escolar. As queixas se devem às alterações feitas pela Secretaria de Estado de Educação para a ocupação de vagas, em 2022. A Portaria nº 676/2021, em vigência, muda o número de profissionais da merenda, antes baseada no número de matrículas, para quantitativo de turmas.   

Segundo relata o secretário adjunto de funcionários do Sintep-MT, Klebis Marciano, a Portaria de 2021 estabelece que para cada oito turmas, a escola terá uma merendeira. Podendo ampliar para mais uma, a partir de nove turmas. Conforme o dirigente, em 2021, a cada 200 estudantes, mais um, era ofertada duas vagas para as merendeiras. “O que ocorre é que o número de turmas maquia o real número de estudantes por sala. Temos escolas em que cada turma chega a ter mais de 30 alunos, multiplicando por oito, chegamos a 240 estudantes, mas apenas uma merendeira”, destaca.

Conforme os relatos feitos ao Sintep-MT, as servidoras sentem-se exploradas e desrespeitadas. “Temos que preparar e servir e higienizar todos os pratos e talheres de mais de 200 estudantes e carregar sozinhas panelas enormes e pesadas. No final do dia não tem coluna que aguente, e sequer podemos ficar doentes ou pedir licença, pois a substituição não ocorre com base na urgência”, destaca a denunciante. 

Numa outra situação, o relato destaca justamente a demora para que a Diretoria Regional de Ensino (DRE) encaminhe substituta. Durante o afastamento médico, para cirurgia, a unidade ficou à deriva, pois não havia trabalhadoras disponíveis e a escola é que tem que resolver o problema. 

Para Klebis Marciano, outro problema relatado é sobre a atuação das DRE’s, que está com número insuficiente de pessoal. “O que estamos vivenciando é o reflexo do economicismo do governo Mauro Mendes, que propõe o caos, precariza a educação e os contratos de trabalho, para implementar as medidas privatistas na educação pública, entre elas a terceirização’, destaca.