Educadores de Cáceres são premiados por pesquisas que fortalecem a educação pública e científica

O vice-presidente da subsede do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) no município de Cáceres, professor Edvagner de Oliveira, e a professora filiada Beatriz Ferraz Buhler foram premiados nas categorias Doutorado e Professor Pesquisador das Escolas Estaduais de Mato Grosso. A premiação foi conferida durante a 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, promovida pela Fapemat/Secitec.

Para o Sintep/Cáceres, a premiação representa o modelo de educação defendido na luta sindical, em que os educadores servem de inspiração para os estudantes e desenvolvem suas atividades com foco em iniciativas voltadas à produção de conhecimento científico.

O professor Edvagner de Oliveira, que recentemente concluiu o doutorado em Ciências Ambientais pela Unemat, apresentou uma pesquisa sobre o efeito das barragens hidrelétricas em cascata no acúmulo de mercúrio em diversos organismos do rio Teles Pires, um dos principais afluentes do Tapajós.

O estudo revelou dados preocupantes: mais de 50% dos peixes predadores nos reservatórios das UHEs Sinop, Colíder, Teles Pires e São Manoel apresentaram níveis de mercúrio acima dos limites permitidos pela legislação brasileira e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A situação é ainda mais alarmante a jusante das barragens, onde 90% dos peixes predadores analisados estavam contaminados.

Já a professora doutora Beatriz Ferraz Buhler, entusiasta da Educação Ambiental, coordena o projeto “Guardiões do Clima”, com fomento da Fapemat, desenvolvido com estudantes do 8º ano da Escola Onze de Março, em parceria com o Laboratório de Investigação Ambiental do Pantanal (Lipan/Unemat).

A iniciativa incentiva os alunos a construir equipamentos de baixo custo para o monitoramento de variáveis climáticas, estimulando o protagonismo estudantil e a formação científica desde a educação básica.
Em 2024 e 2025, Beatriz também foi reconhecida nacionalmente com o Prêmio Capes Futuras Cientistas, pelo projeto “Fazendo Ciência no Pantanal”, que envolveu alunas do 2º ano do Ensino Médio em atividades de iniciação científica.

“É preciso incentivo da Secretaria de Estado de Educação para que o professor consiga desenvolver pesquisa na escola. Sair da lógica mercadológica do Estado e promover a ciência dentro das escolas é essencial para o desenvolvimento crítico dos nossos estudantes. Além disso, é fundamental a Licença Qualificação Profissional, conquistada por meio de muita luta sindical, que, além de ser um direito do servidor, é uma possibilidade de formação que contribui tanto para o servidor quanto para toda a sociedade, já que ocorre a devolutiva nas unidades escolares”, ressaltou o professor Edvagner.

O educador destaca ainda a importância de políticas públicas que valorizem o trabalho docente para além das plataformas digitais. “Os trabalhos apresentados reforçam o papel da educação pública e da pesquisa científica como pilares da formação cidadã e da transformação social em Mato Grosso.”