Dados distorcidos pela Seduc-MT omitem realidade da paralisação e o descontentamento dos educadores


Governo divulga nota falaciosa para a sociedade sobre a real situação da categoria

Publicado: 13/08/2024 19:11 | Última modificação: 13/08/2024 19:11

Escrito por: Roseli Riechelmann

Sintep-MT/ Francisco Alves
Educadores enfrentam a intimidação e participam da luta em defesa da carreira e valorização salarial

Dados divulgados pela Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT) sobre a paralisação convocada pelo Sintep-MT na rede estadual, ocorrida no dia 12 de agosto, apresentam distorções sobre a adesão dos profissionais e das unidades de ensino. A cobrança ilegal feita pelas Diretorias Regionais de Ensino (DREs), que são parte da Seduc-MT, para identificar os educadores ausentes revela que cerca de 40% dos municípios do estado tiveram paralisação em suas unidades em apoio à Assembleia da categoria.

As cobranças encaminhadas pelas DREs indicam uma grande adesão em Cuiabá, Rondonópolis e Várzea Grande, que são responsáveis pelo maior número de escolas e registraram a participação de até 60% das unidades. No entanto, uma nota falaciosa divulgada pela Seduc-MT à imprensa afirmava que “98,7% das unidades funcionaram normalmente, e apenas nove escolas estaduais aderiram à paralisação, o que representa 1,3% do total.”

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), Valdeir Pereira, a adesão dos profissionais demonstra descontentamento, apesar do medo que assola as escolas do estado devido à pressão e intimidação exercidas pelos diretores e pelas DREs.

Sintep-MT/Edevaldo José
Profissionais de todo o estado participam da paralisação e Assembleia Geral convocadas pelo Sintep-MT 

Conforme Valdeir, as convocações aos trabalhadores da educação ocorrerão sempre que necessárias, e as participações estão legitimadas pelo artigo 8º da Constituição Federal, que estabelece o direito de manifestação por seus interesses profissionais ou previdenciários.

Perseguições

Os profissionais enfrentam atualmente um ambiente de trabalho assediador, sem a possibilidade de contestar práticas incompatíveis com a rotina da escola pública, como o uso do webponto, a sobrecarga de trabalho para docentes e funcionários, e a realização de formações que exigem a ampliação da jornada diária do profissional.

As perseguições são ainda mais graves quando as DREs enviam para as escolas relatórios cobrando a identificação dos profissionais que participaram da paralisação e da Assembleia da categoria. Diante da arbitrariedade, o Sintep-MT orienta os trabalhadores que se sentirem coagidos e ameaçados a registrar um Boletim de Ocorrência contra o secretário de Estado de Educação e o responsável pelo comunicado nas DREs. O B.O deve ser encaminhado para o e-mail da Secretaria Geral do Sintep-MT (sintep@terra.com.br) para que sejam iniciados os procedimentos judiciais e civis necessários.