Comunidade escolar Cremilda O. Viana luta pela manutenção de vagas no período noturno

Mais de 200 estudantes do ensino médio noturno da Escola Estadual Cremilda de Oliveira Viana, em Primavera do Leste (240 km de Cuiabá), ficarão sem vagas na unidade em 2025. A informação foi comunicada por e-mail à escola, informando o encerramento das turmas noturnas. Esses alunos terão que buscar vagas em outra unidade, a única disponível no centro da cidade, a cerca de quatro quilômetros da EE Cremilda e a até 10 km para muitos estudantes dos bairros atendidos.

Para a comunidade escolar, o fechamento das matrículas representa abandono educacional. Esse sentimento de indignação levou à criação de um abaixo-assinado, que já conta com 500 assinaturas e será entregue à Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT). O objetivo é impedir mais uma ação que, segundo a comunidade, expulsa estudantes das escolas que não se alinham aos interesses da gestão estadual.

O cenário de desmonte e medidas arbitrárias contra aqueles que deveriam ser a prioridade da educação pública tem sido um alerta constante do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT). Mais uma vez, a comunidade escolar busca apoio para tentar impedir a perda de vagas e assegurar o direito dos alunos de estudarem próximo de onde residem, conforme previsto no Artigo 53, inciso V, do Estatuto da Criança e do Adolescente.  

Em um vídeo gravado pelos próprios alunos, eles fazem um apelo pela manutenção das matrículas no período noturno, destacando as dificuldades de deslocamento, a distância e os riscos aos quais ficariam expostos. Alguns mencionam que, para chegar à outra unidade, precisariam "ir a pé ou de bicicleta, à noite, atravessando a BR". Outros lembram que saem do trabalho direto para a escola e que precisam desse tempo para a refeição escolar: “Se tivermos que nos deslocar, não haverá tempo para nos alimentarmos”. Todas essas dificuldades, segundo eles, resultarão no abandono escolar e na perda de oportunidades para concluir o ensino médio e seguir com os estudos em nível universitário.  

A dirigente do Sintep em Primavera do Leste, Edna Mahnic, que tem dialogado com a comunidade escolar, afirmou que "é desumano fazer com que os estudantes que trabalham percam o direito ao estudo". A presidente do Sintep/Primavera do Leste, Marileuza Rosa de Souza, complementa, dizendo que,“Fechar as vagas do período noturno no bairro é forçar a desistência dos estudantes, além de colocá-los em risco ao fazê-los retornar para casa após as 23 horas, sendo que muitos trabalham cedo”.

Segundo as dirigentes, o fechamento das turmas também impactará outros projetos desenvolvidos na escola. Entre eles estão o projeto Muxirum, de alfabetização de adultos, e um programa da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Seciteci-MT), que atende mulheres em situação de vulnerabilidade social.