Comunidades de Jangada protestam na capital contra fechamento de escolas do campo
Mobilização acontecerá nesta quarta-feira (30/10), a partir das 9 horas, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso
Publicado: 29/10/2024 17:54 | Última modificação: 29/10/2024 17:54
Escrito por: Roseli Riechelmann
As escolas estaduais Luíza Soares Boabaid, da comunidade Nova Jangada, e Maximiana do Nascimento, da comunidade Minhocal, ambas escolas do campo, no município de Jangada (70 km de Cuiabá) estarão em Cuiabá, nesta quarta-feira (30/10), a partir das 9 horas, para protestar contra o anúncio de fechamento das unidades, pelo governo do estado.
Acompanhados da direção da subsede do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público, de Jangada, buscarão apoio dos parlamentares da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, contra a decisão que promove mudanças drásticas na vida das famílias, sem que elas fossem consultadas.
As duas unidades integram cerca de 300 estudantes do Ensino Fundamental e da Educação de Jovens e Adultos, além dos profissionais da educação. Os protestos contra a imposição da Seduc-MT acontecem desde a semana passada no município. Por não serem ouvidos, estão em busca dos órgãos competentes na administração estadual para assegurar o direito dos estudantes e da comunidade.
O fechamento das escolas estaduais tem sido uma realidade imposta no estado de Mato Grosso, desde de que o governador Mauro Mendes assumiu a primeira gestão, em 2019. Dados oficiais apontam para cerca de 100 unidades estaduais fechadas até 2023. Contudo, soma-se a estas mais 37 anunciadas em 2024, tendo parte delas já concluídas.
Na área rural, o censo escolar aponta para o fechamento de 15 escolas do campo da rede estadual, entre 2019 a 2023, outra dúzia delas fechadas nos municípios, no mesmo período. Conforme o dirigente da subsede Sintep/Jangada e professor na comunidade do campo, Faustino Aparecido da Silva, a decisão do governo impacta na vida dos estudantes e desarticula toda a comunidade do entorno das escolas.
“As escolas são uma referência para os moradores. O fechamento das escolas do campo promoverá abandono, pois excluirá um número significativo de estudantes que não têm condições de ir para as unidades urbanas ou distantes das residências, para estudarem”, alerta.
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de analfabetismo nas áreas rurais brasileiras é de 18%, enquanto nas áreas urbanas é de 5%. Uma realidade imposta pelas políticas dos governos, que ignoram as necessidades específicas da educação do campo e dão preferência para que estudantes permaneçam horas no transporte escolar até escolas urbanas.
Segundo o dirigente da subsede do Sintep/Jangada, Faustino Aparecido, a medida do governo Mauro Mendes compromete a organização social e educacional das comunidades. “A proposta penaliza os estudantes que chegarão cansados nas escolas, coloca-os em risco na estrada e ainda não melhora a qualidade do ambiente escolar. Numa das escolas de transferência sequer as salas de aulas comportam os estudantes já matriculados na unidade. Além da precariedade do transporte escolar”, conclui.