Computadores para professores: um placebo para a Educação Pública em MT; entenda o motivo


Na última semana, o governo do estado de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Educação, anunciou uma ajuda de custo no valor de pouco mais de 6 mil reais para um grupo de aproximadamente 15 mil professores que atuam na rede pública de ensino, com o objetivo de que esses profissionais façam a aquisição de notebooks, com valor de até 3,500, e o custeio de internet com plano de até 70 reais mensais.

Publicado: 29/03/2021 18:01 | Última modificação: 29/03/2021 18:01

Escrito por: Andressa Boa Sorte

Sintep-MT/Latuff

O equipamento e a internet são “ajuda” oferecida pelo governador Mauro Mendes aos professores, pouco mais de um ano depois do início da pandemia e das aulas on-line, às quais os educadores tiveram que se adaptar.

Para o Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), a medida tardia não reflete o mínimo necessário para viabilizar as aulas remotas, uma vez que o processo de ensino-aprendizagem é uma via de mão dupla. “O próprio nome já diz. O ensino ministrado pelos educadores precisa fazer um caminho e chegar até os estudantes. Infelizmente a realidade de centenas de famílias no estado, é de ausência de computador e de internet nas casas. Do que adianta os professores terem como dar as aulas, se os alunos não tiverem como assistir?”, questiona o presidente do Sintep-MT, Valdeir Pereira.

A crítica, porém, à medida anunciada pelo governo, é ainda mais profunda quando o assunto trata de investimentos em educação. “Precisamos traçar uma lista sobre o que prioridade. No último dia 24 de março, um deputado estadual denunciou que o governador Mauro Mendes, em plena segunda onda da Covid-19, está gastando quase 1 milhão de reais para reformar seu gabinete no Palácio Paiaguás. Enquanto Mauro Mendes, de um lado, escolhe cortinas e itens de decoração para o luxo do seu local que deveria ser de trabalho em prol do povo; do outro, oferece migalhas à educação pública. Quem dera Mendes fosse generoso nos investimentos em benefício dos estudantes como é quando o assunto é a decoração do seu gabinete. Essa ‘ajuda’ aos professores infelizmente não irá viabilizar com que as aulas remotas sejam assistidas pela parcela mais pobre da população”, criticou Gilmar Soares, secretário de Comunicação do Sintep.

Outro ponto criticado no edital divulgado pelo governo do estado sobre a ajuda de custo par aquisição de computadores, é a obrigatoriedade de devolução do equipamento ao estado, no caso de professores interinos, quando do fim do contrato. “Isso parece mais um presente de grego, porque estamos falando de um equipamento eletrônico, sujeito a problemas de manutenção e até mesmo de furto. Colocar essa obrigatoriedade sobre os professores contratados é injusto, uma vez que, não apenas os interinos, mas todos os servidores públicos da educação investiram do próprio bolso desde o início da pandemia, usando sua própria internet, seus computadores, energia elétrica de suas casas, e o governo não fala nada em ressarcir esses gastos que não foram poucos. Quanto aos interinos, existe uma falta de política sobre a manutenção desses contratos e valorização desses profissionais temporários, e por isso, é uma falta de humanidade exigir o equipamento de volta”, disse Gilmar.

Além disso, outro ponto é levantado, desta vez, pelo secretário de redes municipais do sindicato, Henrique Lopes. “O governador Mauro Mendes age deliberadamente para sucatear o ensino público afim de privatizar esse serviço essencial à sociedade. Se não tivesse negado a Revisão Geral Anual dos trabalhadores da Educação, e também a Lei 510, da dobra de poder de compra do trabalhador, que visa corrigir a defasagem na remuneração dos educadores, todos esses professores poderiam ter comprado com recursos próprios, seis notebook’s cada um. Mas é isso que esse governo privatista faz: massacra a carreira educacional, que é a que tem a menor remuneração entre as carreiras do executivo estadual, para depois, oferecer migalhas, um ano depois da pandemia ter começado, e ainda achar que está salvando a pátria. A política de pão e circo não funciona já há muito tempo, mas Mauro Mendes parece não ter percebido”, disse Henrique.

A oferta da ajuda de custo do governo para a compra de computadores, segundo o Sintep-MT, acaba por ser um ultraje quando avaliada do ponto de vista da real necessidade de investimentos para viabilizar o ensino público em Mato Grosso. “O governo não investe o mínimo necessário. Ele apenas tira do trabalhador, como fez com os aposentados, sobretaxando a remuneração deles em 14%, desestabilizando o orçamento daqueles que já contribuíram a vida toda com a previdência, e agora, em meio à crise sanitária e financeira, estão sem dinheiro até para comprar seus remédios”, descreve o sindicalista.   

Fonte: Assessoria/Sintep-MT.