Aula Inaugural da rede estadual apresenta pacotes educacionais comprados pelo governo


Recursos sobram para a iniciativa privada enquanto profissionais da educação acumulam perdas e desvalorização

Publicado: 04/02/2022 19:06 | Última modificação: 04/02/2022 19:06

Escrito por: Roseli Riechelmann/Sintep-MT

Reprodução

A desvalorização dos profissionais da educação da rede estadual de Mato Grosso foi ignorada no discurso do Secretário de Estado de Educação, Alan Porto, nesta sexta-feira (04/02), durante abertura oficial do ano letivo da rede estadual. Com a presença da instituição parceira, Fundação Getúlio Vargas (FGV), e gestores da educação estadual, promoveu o lançamento do pacote educacional adquirido de empresa privada para ‘melhoria’ da educação pública no estado, em 2022.  

Durante a apresentação, com transmissão virtual pelo You Tube, os profissionais acompanharam e manifestaram a indignação entre a teoria e a prática vivenciadas. Foram muitos os questionamentos; sobre o desmonte salarial dos profissionais; cobranças para retomada da Dobra do Poder de Compras, após o cancelamento da Lei 510/2013; críticas sobre o falacioso anúncio no processo de atribuição de aulas/classe, às vésperas do início das aulas, segunda-feira (07/02).  

Em muitas mensagens foi destaque a ausência do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), na mesa de abertura. O que, na avaliação do presidente da entidade, Valdeir Pereira, era esperado. “O governo não está interessado no processo de construção coletiva ou diálogo. Já constatamos isso inúmeras vezes nesses quatro anos de governo”, disse.

Mensagens dos profissionais da educação durante a apresentação

Para o dirigente estadual Gilmar Soares, que acompanhou a live, as críticas recaíram sobre um governo que está voltado a atender os interesses empresarias na educação ofertando um sistema parametrizado, como sendo de escola privada, mas sem condições reais para ser implementado na escola pública. 
‘Sofremos com problemas de falta de infraestrutura, pessoal e, acima de tudo, ausência de diálogo com as famílias. As mudanças implementadas na educação foram pensadas para, e não com a comunidade escolar”.

Nesse sentido as mensagens que rolavam na barra de diálogo virtual ressaltavam, desde a ausência de políticas inclusivas na educação, a começar pela falta de intérprete de libras na aula inaugural, até o anunciado material didático, que segundo os educadores, já se mostram insuficientes nas escolas. 

Para o sindicalista a Seduc fala em BNCC (Base Nacional Curricular Comum), diretrizes curriculares de Mato Grosso, e engessa o sistema integrado de ensino, sobrecarregando os profissionais da educação sem as condições de tempo e espaço para atender a demanda.  “São muitas as exigências sem condições para isso”, destaca Soares.

O desmonte da carreira também teve seu espaço de indignação, quando profissionais de apoio e técnicos administrativos escolares questionavam a ausência de formação continuada para referidos cargos, especificamente o Profuncionário. A política de redimensionamento, que desempregou pedagogos e sobrecarregou as redes municipais com repasse de estudantes do estado, recebeu duras críticas.

Por fim, depois de horas de apresentação do novo modelo de educação na rede estadual, com a participação do diretor do Centro de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais da FGV, e ex-ministro da Educação, José Henrique Paim, ficou evidenciado que “dinheiro o governo tem”, como escreveu uma educadora.