Assembleia do Sintep-MT delibera mobilizações para reverter precarização na educação estadual
Profissionais da educação reagem ao desmonte e fazem o enfrentamento por valorização com ganho real, Concurso Público e aposentadoria sem confisco
Publicado: 12/08/2024 19:43 | Última modificação: 12/08/2024 19:43
Escrito por: Roseli Riechelmann
A Assembleia dos Profissionais da Educação da rede estadual, realizada pelo Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) nesta segunda-feira (12) em Cuiabá, deliberou uma agenda de mobilização para enfrentar a precarização e o desmonte da carreira na Educação Pública do estado. Os educadores contaram com o apoio de entidades estudantis na defesa das pautas prioritárias: o fim do confisco das aposentadorias, valorização salarial com ganho real e concurso público para todos os cargos da carreira.
Ações integradas começam a ser realizadas nos municípios para esclarecer os direitos dos educadores frente ao desrespeito do governo pela carreira na Educação Pública estadual. Em outubro, serão realizados atos junto à comunidade escolar para esclarecimentos de estudantes e familiares. Em novembro, um novo Conselho de Representantes e possível Assembleia Geral avaliarão os avanços nas negociações com o governo e decidirão sobre a possível suspensão do ano letivo de 2024 ou paralisação no início de 2025.
A pauta foi aprovada por representantes dos 71 municípios de Mato Grosso presentes na plenária sindical, ativos e aposentados. A manifestação foi seguida por um ato público, com caminhada pelas ruas do Centro Político Administrativo. Muitos municípios ausentes na Assembleia realizaram mobilizações locais, como Vila Bela da Santíssima Trindade, que teve paralisação de 100% das escolas estaduais, com apoio dos trabalhadores da rede municipal, que também paralisaram. Em Lucas do Rio Verde, 100% das escolas estaduais suspenderam atividades nesta segunda-feira, na luta pela valorização da educação.
Conforme a professora de Primavera do Leste, Gisele da Costa Leão, a intimidação e o assédio exercido pelo governo nas escolas têm inibido muitos profissionais pelo medo. A maior parte dos trabalhadores são contratos precários, uma realidade que atinge 70% do quadro da educação em Mato Grosso”, relata.
Na pauta estudantil, o apoio aos profissionais da educação pela valorização da carreira lembrou que a escola é lugar de estudantes, funcionários e professores. “A política militar não deve ocupar o lugar dos educadores, nem ser mais valorizada do que os trabalhadores da educação. Não queremos ter medo como estudantes”, citou a dirigente estudantil Waleska Gabriela Matilde de Souza, da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes).
O presidente do Sintep-MT, Valdeir Pereira, fez um resgate histórico das manobras do governo contra as leis de carreira e citou os impactos disso na aprendizagem dos estudantes. Também lembrou que, apesar do estado figurar entre os mais ricos, os recursos públicos não estão sendo aplicados em benefício da população, com serviços públicos de qualidade (Educação, Saúde, Assistência Social, Segurança Pública, Meio Ambiente, entre outros). “O governo Mauro Mendes exerce o poder absoluto no estado e ignora os servidores públicos, como se estes não contribuíssem para o desenvolvimento do estado”, ressaltou Valdeir Pereira.
A luta sindical volta com força para reverter o arrocho salarial imposto pelo governo desde 2019, que reduziu o piso salarial dos profissionais da educação em 100%. A política de valorização da carreira foi interrompida em 2020, fazendo com que a profissão, antes atraente, fosse sucateada. Há quase uma década não se realiza Concurso Público, comprometendo os salários dos trabalhadores, a continuidade das políticas pedagógicas e os recursos da previdência estadual.