8 de março: Ato de protesto e reflexão marca o Dia das Mulheres na capital de MT


Mulheres, homens, representantes da comunidade LGTQIA+ se reuniram para protestar contra a violência de gênero nesta terça (08).

Publicado: 08/03/2022 16:56 | Última modificação: 08/03/2022 16:56

Escrito por: Andressa Boa Sorte/Sintep-MT

Andressa Boa Sorte

Muito mais do que meros gritos de protestos e faixas estendidas. O som alto em plena Praça Rachid Jaudy, região central de Cuiabá, ecoou mais forte com o coro formado pelas vozes das centenas de mulheres que participaram do Ato neste 8 de março, Dia Internacional das Mulheres.

A escolha do local onde ocorreu a manifestação não foi aleatória. Ali, naquele mesmo lugar, há poucos dias, uma adolescente de catorze anos passou, com certeza, o pior momento de sua vida, até aqui. Foi brutalmente atacada e abusada sexualmente por um estuprador (que depois foi denunciado por outras vítimas mulheres). É com esse fato triste, que os discursos lembraram a vulnerabilidade das mulheres numa sociedade onde o machismo e a falta de respeito ao gênero feminino ainda imperam.

Mulheres, homens, representantes da comunidade LGTQIA+ se reuniram para protestar contra a violência de gênero nesta terça.

ANDRESSSA BOA SORTE

“Hoje não é um dia de festa. É um dia de luta. Estamos aqui para que os governantes desenvolvam políticas públicas com um olhar voltado às necessidades das mulheres. Temos um estado com dimensões continentais, com 141 municípios, onde infelizmente só existem 8 delegacias especializadas para atendimento à mulher. Há cinco anos amargamos a completa ausência do estado em ter esse olhar humano e em dar dignidade às mulheres, especialmente àquelas que estão mais vulneráveis, seja por estarem longe dos grandes centros, por serem negras, indígenas, seja por serem pobres”, disse a secretária de Políticas Sociais do Sintep-MT, Leliane Cristina Borges, que também integra o Coletivo de Mulheres do Sintep-MT.

A sindicalista ainda citou a necessidade urgente de uma capacitação e formação de autoridades e agentes públicos quanto ao tratamento de questões envolvendo mulheres vítimas de violência. “Os homens precisam de formação sobre o que é violência de gênero. Nós estamos numa sociedade que é estruturalmente machista e isso não muda sem política pública que funcione, sem formação contínua”, criticou.

Para Maria Luiza Zanirato, dirigente do Sintep-MT, o Dia 8 de Março deve ser um ato político. “Na educação isso deve ser ainda mais evidente, porque é no espaço da escola que temos a oportunidade de imprimir essa reflexão e construir uma sociedade que respeita as diferenças”, disse.

A militante sindical, Angelina de Oliveira Costa, secretária de Seguridade Social do Sintep-MT e representante do Coletivo de Mulheres da CUT-MT, destacou que a luta da mulher trabalhadora ainda é, por muitas vezes, incompreendida, visto que a dupla, tripla jornada, com trabalho fora e dentro de casa, é normalizada na sociedade. “Nós, enquanto mulheres trabalhadoras, temos que enfrentar todo esse fardo imposto pelo patriarcado. Vivemos sob uma jornada exaustiva e por isso adoecemos mais”, disse.

Angelina ainda lembrou dos ataques do governo do estado aos aposentados e pensionistas, destacando que a majoração da alíquota previdenciária em 14%, prejudicou diretamente milhares de mulheres que são chefe de família e que sustentam suas casas com o dinheiro da aposentadoria. “Essa alta carga tributária afetou milhares de famílias e isso é apenas o reflexo de um governo que não olha para a necessidade do servidor público e em especial das mulheres, incluindo as aposentadas e pensionistas”, pontuou.

ANDRESSA BOA SORTE

Durante a manifestação do Dia Internacional das Mulheres, além da concentração na Praça, houve uma passeata nas ruas de Cuiabá. “Esperamos que a luta das mulheres não se restrinja a apenas um dia no ano. Essa consciência coletiva de respeito às mulheres, com seus direitos, precisa ser todo dia”, finalizou a militante do Coletivo de Mulheres, Leliane Borges.