49% dos pais não confiam na segurança sanitária das escolas públicas, diz pesquisa


Percentual aumentou de 22% para 49% entre setembro de 2020 e fevereiro de 2021

Publicado: 19/02/2021 08:25 | Última modificação: 19/02/2021 08:25

Escrito por: Redação CUT

REPRODUÇÃO/IBGE

Entre setembro do ano passado e fevereiro deste ano, aumentou de 22% para 49% o percentual de pais e mães que não confiam na capacidade das escolas públicas de proteger seus filhos contra o novo coronavírus (Covid-19).
Os dados são da quinta edição da pesquisa Datafolha “Educação não presencial na perspectiva dos estudantes e suas famílias”, encomendada pela Fundação Lemann, Itaú Social e Imaginable Futures.
De acordo com a pesquisa, apenas 19% dos pais dos estudantes das escolas públicas municipais e estaduais disseram que ‘confiam muito’ na capacidade da instituição de se adequar às normas de segurança sanitária para evitar o contágio com o novo coronavírus no retorno às aulas presenciais.
Em relação ao comportamento dos estudantes, 43% dos pais não confiam que os alunos cumprirão os protocolos de segurança – índice era de 24% em setembro.
Desde o ano passado, escolas de Norte a Sul do país foram fechadas e as aulas, suspensas em virtude da confirmação de casos de Covid-19 na comunidade escolar.
Em São Paulo, o primeiro balanço da volta às aulas presenciais revelou 741 casos de Covid-19 confirmados nas escolas, entre alunos e professores. Destes, 456 casos foram na rede estadual, 14 nas redes municipais e 271, na particular. Outros 1.133 casos suspeitos estão em análise. 
Leia mais: Escolas de São Paulo já têm 741 casos confirmados de covid-19 e 1.133 suspeitos
Em defesa da vida, contra o retorno das aulas presenciais na pandemia, sem vacina para todos e todas, professores e professoras das redes públicas de São Paulo estão em greve desde o dia 8 na rede estadual e desde o dia 10 na municipal
Atraso no aprendizado
Sete em cada dez entrevistados (69%) acreditam que, se as escolas continuarem fechadas, as crianças dos anos iniciais do ensino fundamental terão um atraso em seu processo de alfabetização e prejuízo no aprendizado. Sobre as crianças da pré-escola, 65% acreditam que elas terão o seu desenvolvimento comprometido.
Segundo a pesquisa, para os estudantes mais pobres, os prejuízos decorrentes da falta de aula presencial podem ser maiores do que a média, já que o acesso ao ensino remoto é desigual no Brasil. Para 80% dos pais e responsáveis, é muito provável que eles fiquem para trás por terem mais dificuldades de estudar em casa.
Problemas emocionais

Em relação aos adolescentes, para 58% dos pais, a percepção é a de que tenham problemas emocionais por causa do isolamento. O mesmo percentual de pais (58%) acredita que os alunos do ensino médio correm o risco de desistir dos estudos.

Apoio das escolas
Para 79% dos entrevistados, as escolas deram apoio durante o período sem aulas presenciais, principalmente nos anos iniciais do ensino fundamental (87%).
De acordo com o levantamento, o suporte consistiu principalmente em professores disponíveis para tirar dúvidas dos responsáveis, orientações gerais sobre como apoiar os estudantes para fazerem as atividades e sugestões para motivá-los a participar.
Na percepção dos pais, foram desenvolvidas habilidades como usar a tecnologia para estudar e aprender, não desistir diante das dificuldades e pesquisar e ampliar o conhecimento sozinho. No entanto, houve dificuldades dos estudantes para organizar as rotinas de estudo com autonomia, além de capacidade de adaptação e flexibilidade. O índice dos que percebem dificuldade em manter uma rotina das atividades em casa alcançou 69%. Nos anos iniciais do ensino fundamental, chega a 72%.
As entidades responsáveis pela pesquisa observaram um processo crescente de desmotivação entre os alunos desde maio de 2020, quando ocorreu a primeira edição da série de cinco pesquisas realizadas até agora. Em maio, 46% dos estudantes se diziam desmotivados. Em novembro, o percentual subiu para 55%.
Metodologia
A pesquisa foi realizada com 1.015 pais ou responsáveis pelos alunos das redes públicas municipais e estaduais do país, com idade entre 6 e 18 anos, no período de 16 de novembro a 2 de dezembro de 2020.
Com informações da Agência Brasil.