2023, mais um ano letivo de dificuldades na educação estadual de Mato Grosso


O ano letivo começa dentro de três dias e escolas estão sem trabalhadores da educação e algumas sequer com espaços assegurados para receber os estudantes

Publicado: 03/02/2023 19:19 | Última modificação: 03/02/2023 19:19

Escrito por: Roseli Riechelmann

Reprodução

As escolas iniciarão o ano letivo na rede estadual de Mato Grosso na próxima segunda-feira (6/02), com mais 90% das unidades ainda com o quadro de trabalhadores da educação incompleto e com parcelas dos estudantes sem locais definidos ou adequados para iniciarem as aulas. O cenário faz parte de relatos de profissionais da educação e pais, que chegam ao Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT).

Após quatro anos de governo e entrando em um novo mandato da gestão Mauro Mendes, a Educação estadual permanece tentando se organizar. Enquanto isso, compromete a vida dos profissionais da educação, o processo de ensino aprendizagem e a rotina dos estudantes e familiares. Há três dias do início das aulas os recursos para manutenção e pequenos reparos não chegaram nas escolas.

Entre 2019 a 2022 ocorreram atribuições de cargos e função caóticas. No decorrer dos anos, alterações de regras, como o fim da contagem de pontos para adoção de seletivo, geram até hoje, confusão e falta de transparência no processo. A imposição de novas metodologias de gestão, atropelaram a organização das escolas, impactando na autonomia da comunidade escolar.

Edevaldo José/Sintep-MT
Profissionais da educação manifestam preocupações com inicio do ano letivo de 2023, diante do quadro de profissionais incompleto nas escolas

Para o dirigente do Sintep-MT, Ricardo Assis, diretor regional da Baixada Cuiabana, no caso do processo de atribuição, o processo seletivo não promoveu agilidade e transparência. “O governo foi incapaz de resolver os problemas pontuais da contagem de pontos, preferindo fortalecer o projeto privatista e gastar milhões de recursos públicos com as empresas privadas. O que temos como resultado é a desestruturação da organização escolar, com profissionais chegando na escola após a semana pedagógica, muitos desconexos com a realidade da comunidade e com os desafios do chão da escola”, ressaltou.

Segundo Assis, a política educacional do governo Mauro Mendes tem provocado impactos negativos no ensino aprendizagem dos estudantes. Uma contradição para quem busca melhorias nos índices de aprendizagem. Os problemas são provocados por atraso na composição do quadro profissional, alterações na estrutura de atribuição, ampliação da jornada dos professores de 30 para 40 horas, ausência de concurso público, que inviabiliza a continuidade das políticas pedagógicas. “2023 será mais um ano de dificuldades”, prevê o dirigente.

A sinalização dos enfrentamentos para o ano letivo de 2023 foram percebidas, também, por pais e responsáveis. A falta de transparência do governo e o desrespeito com a gestão democrática atropelou a comunidade escolar. Na Escola Estadual André Luiz da Silva Reis, de Cuiabá, os pais denunciaram que, às vésperas do início das aulas, os filhos seriam transferidos para uma unidade há cerca de 4 km de distância, enquanto o prédio fosse reformado. 

“Reformas de escolas todos queremos e são necessárias. Precisamos de prédios modernos, que atendam às atuais necessidades da Educação. Contudo, quando o governo anuncia as reformas de maneira repentina, sem planejamento, não respeita a organização da escola do ponto de vista da comunidade escolar. Os alunos são pegos de surpresa e levados para locais distantes e, muitas vezes, de espaço inadequado para o ensino/aprendizagem”, observa o diretor do Sintep-MT.