Sou servidor efetivo do concurso público realizado no ano de 2000, e diante de insistentes convites via e-mail da DME/Seduc/MT, optei por não responder os mesmos e não aceitar o convite do Governo Mauro Mendes e da Seduc/MT através do Secretário Alan Porto, via DME, pelos seguintes motivos:
1.O atual governo é indigno de qualquer iniciativa de convocação de servidores para fazer qualquer comemoração, em função da traição que esse mesmo governo desferiu contra os educadores desde sua posse em 2019.
2.São muitas as razões que provam que este governo não tem moral para convidar educadores para comemorar 25 anos do concurso de 2000, uma vez que o atual governo vem atentando com os direitos conquistados pela categoria, que deram sustentação para a realização e posse do Concurso de 2000, à saber: LOPEB (LC50/98), LC 49/98 e lei 7.040/98 (Lei de Gestão Democrática).
3.Diferente do Governo Dante de Oliveira, um verdadeiro estadista que, embora resistia na luta, sempre respeitou a categoria da educação. Já os líderes no atual governo atuam como déspotas, que reinam absolutos, não aceitam ser questionados ou ser pressionados na luta por direitos. Estes que se apresentam como governantes, desrespeitam, maltratam e vem maltratando duramente a categoria em seus governos.
4.Não podemos esquecer que o atual Governador se elegeu com base em mentiras. Um estadista quando assume um compromisso, cumpre. Assim fez Dante de Oliveira quando assumiu o compromisso e sancionou em 1998 o tripé educacional que ainda vem dando sustentação à educação em Mato Grosso, embora os ataques sofridos diuturnamente pelo governador e vice-governador.
5.Esse atual governo, que enganou e mentiu para se eleger, optou, desde seu primeiro mandato, desferir diversos ataques aos direitos previstos na carreira, na lei de sistema da educação e na lei de gestão democrática; leis duramente conquistadas pelos educadores nos anos 90 e que agora, os atuais governantes do Estado atuam como verdadeiros “coveiros da educação”, destruidores de direitos, ao deslegitimar tais legislações.
6.Não posso aceitar a hipocrisia de comemorar, a convite deste governo, a realização e posse no Concurso de 2000, pelas tentativas de destruir a própria condição efetiva e profissional que o concurso nos deu. O atual governo utilizou de expedientes judiciais para acabar com a lei da dobra do poder de compra dos salários. Pior, instituiu estratagemas na contabilidade pública líquida do Estado (reformas de 2019), que liberou o próprio governo de, sequer pagar a RGA. E o adoecimento da categoria? E a ampliação de carga de trabalho e de jornada? E o congelamento salarial?
7.Não posso comemorar neste governo, uma conquista da categoria que ele não vem honrando, de novo: através da ampliação de jornada, de carga de trabalho, da flexibilização do conceito de piso salarial profissional, da adoção da meritocracia, da adoção de gratificação que, não somam no salário para a aposentadoria; da falta de pessoal nas escolas, da contratação de pessoal militarizado ante a não realização de concurso, com número real de vagas. Todos esses direitos duramente conquistados e agora, estão precarizados, destruídos.
8.É vergonhoso este governo querer comemoração de uma conquista que ele não foi capaz de manter. Mesmo porque são vergonhosas as comemorações que são realizadas pela Seduc-MT, desde os eventos de formação com os ditos influencers, preparadores físicos, atletas; os bailes de pantufas; e, agora, comemoração em casa noturna na capital, onde seguramente, não haverá espaço e possibilidades para todos/as participarem. Tal evento, como já preconizado por outros, pode estar no horizonte de campanha eleitoral antecipada.
9.Tudo isso soa o desprezo esnobe do governo diante uma categoria que vem sofrendo com salários rebaixados, ampliação de jornada, formações que não vem ao encontro das necessidades dos educadores. Essas comemorações são verdadeiros deboche dos “cabeças de planilhas” desse governo; tecnocratas que apenas sabem assinar convênios, contratar plataformas, contratar empresas terceirizadas para vender pacotes de formação, para atender apenas aos interesses empresariais que lucram e enlouquecem os profissionais nas unidades escolares, para garantir resultados que venham justificar tantos contratos e projetos que sufocam alunos e profissionais da educação.
10.Não posso comemorar com este governo que precariza as condições de trabalho na educação, deixando uma realidade de mais de 70% do pessoal sem concurso público, e o pior, anuncia um concurso com um número insignificante de vagas, com a pseudo promessa que vai realizar concurso a cada 2 anos, realidade bem distante do concurso de 1999 e sua posse em 2000.
Finalizo afirmando que nada tenho contra aqueles/as que participaram e, espero que tenham se divertido. Também gosto de comemorar. Mas gosto de comemorar por inteiro, na dignidade de saber estar sendo valorizado na educação, coisa que está muito distante do que já vivemos em Mato Grosso, como dádiva e conquista da luta.
Eu não comemorarei, jamais, com quem destila o autoritarismo e o ódio aos educadores. No dia em que este governo restabelecer a laicidade na educação, a carreira digna, a contratação de mais trabalhadores para as escolas, o salário justo, a jornada compatível para minha dedicação; com saúde na profissão. e o fim da militarização de escolas, não terei problema em atender um convite para CO-MEMORAR, porque será um governo ao lado dos servidores e educadores. Não é o que está sendo!
Gilmar Soares Ferreira, Licenciado em Filosofia e concursado em História (Concurso de 2000), foi presidente do Sintep/MT por 2 mandatos (2006/2012), hoje está lotado em substituição na Escola Cívico-Militar Vanil Stabilito, em Várzea Grande.