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Empresa particular no controle e gestão de bem público-interessa e serve a quem?

Publicado: 19/11/2025 15:48

PRIVATIZAÇAO DA GESTAO ESCOLAR; UMA EMPRESA PARA FISCALIZAR ESCOLA PUBLICA ESTADUAL 

Não é novidade para nenhum trabalhador em educação que o Estado de Mato Grosso privatizou a educação e por consequência, o currículo escolar. Basta um levantamento rápido nas inúmeras plataformas digitais definindo cursos de formação pedagógica, materiais com nome de didático que na sua maioria destoa da necessidade de aprendizagem dos estudantes. 

Não obstante, apresentam agora, a privatização da gestão iniciada com o desmonte da Gestão democrática, dos grêmios estudantis livres e do conselho deliberativo escolar. A nova forma de escolha de diretores das unidades escolares, é feita através de teste seletivo sem nenhuma relação com a comunidade escolar decorrendo daí alguns dos conflitos nas relações interpessoais com os agentes escolares, assédio moral e até mesmo, perseguições à trabalhadores. Não raro, ouvimos que a direção da escola representa o governo e não a comunidade escolar que a quem presta o serviço. Esses que assim se vê, acabam se tornando “offices boy” da Secretaria de Educação uma vez que recebem e repassam mensagens. 

Talvez por isso mesmo, em breve serão desnecessários, pois a próxima etapa da privatização é a privatização direta da gestão , já em curso, considerando a contratação de empresa para monitorar todas as atividades das escolas. Incluindo o diário do professor.  Desse modo, qual será a função da coordenação pedagógica e da direção escolar? 

O papel do coordenador pedagógico que se caracteriza em apoiar e orientar a equipe escolar na implementação do currículo, metodologias de ensino e estratégias de aprendizagem foi privado pelo chamado sistema estruturado de ensino.

A promoção do desenvolvimento profissional dos docentes, incentivando práticas inovadoras e a atualização pedagógica está sendo subtraído pelas plataformas digitais, independentemente de ser ou não a necessidade objetiva destes.  O investimento dos recursos públicos que deveria ser feito para o alcance desse fim está sendo usado para alimentar a classe empresarial servindo a seus interesses estratégicos.

Assim estes profissionais fundamentais para o processo de educação transformadora, compromissada com a qualidade social da aprendizagem serão “promovidos” em serviçais da empresa. 

A pesquisadora Tereza Adrião, ao abordar a privatização da gestão escolar, critica a transferência de funções do Estado para empresas privadas, destacando que essa prática pode comprometer a qualidade da educação pública ao priorizar interesses comerciais. Ela argumenta que a gestão escolar deve ser uma responsabilidade do poder público, garantindo equidade e acesso universal ao ensino. Nas palavras da autora “...Tais processos de transferência da gestão educacional para setores privados assentam-se na possibilidade de introdução de sistemáticas de monitoramento sobre o trabalho “.

Maria Aparecida Cortez - Licenciada em Pedagogia; Especialista em Educação