Paulo Freire foi convidado para uma reunião no Palácio Paiaguás com o Governador Mauro Mendes. Na chegada, após os cumprimentos formais, afagos, o governador começa a discorrer sobre o Plano de Educação em MT
Governador Mauro Mendes: Boa tarde Paulo, seja bem vindo em nosso Estado e vou te apresentar o Plano de Ação Educação 10 anos. Um plano revolucionário.
Paulo Freire: (sorrindo) Boa tarde a todos. É um prazer estar aqui.
Mauro Mendes: Então, nossa proposta é que todos os estudantes de Mato Grosso recebam uma educação de excelência, em todas as etapas de ensino, com tempo de instrução semelhante à de países com educação de ponta, desenvolvendo competências que os preparem para os desafios no novo século, potencializando suas reflexões enquanto agentes de transformação da sociedade e desenvolvendo consciência cidadã.
Implantamos Políticas Públicas como Sistema Estruturado de Ensino;
Política Pública de Alfabetização; Política Pública de Educação em Tempo Integral
Política Pública de Novo Ensino Médio; Política Pública de Avaliação
Paulo Freire: Fiquei curioso em conhecer o Sistema Estruturado. Como vocês pensaram a construção curricular, é na linha da educação libertadora, voltada para uma educação crítica e justa, houve participação de toda a comunidade nesse projeto
Precisamos de um currículo que vá além do conteúdo acadêmico. Os professores devem ser capacitados para ensinar criticamente, estimulando o pensamento independente e a criatividade dos alunos. Além disso, a educação deve ser inclusiva, respeitando as desigualdades sociais.
Mauro Mendes: Paulo. Acredito que a educação é fundamental, mas deve estar alinhada com as necessidades do mercado e o desenvolvimento econômico. Precisamos preparar nossos jovens para o mundo do trabalho e garantir que eles tenham oportunidades.
Assim, contratamos a Fundação Getúlio Vargas que elaborou as apostilas que são entregues para todos. Com conteúdo unificado para todas as regiões do estado.
Revolucionamos a Política de Alfabetização no Estado. Primeiro, há muito tempo não atendemos mais a Educação Infantil. Antes dos meus mandatos já tínhamos livrado dessa chateação com mães querendo vagas nas creches.
Agora estamos nos livrando dos anos fundamentais. Estamos passando tudo para os municípios. Assim resolvemos dois problemas: as matrículas e povo que trabalhava com essa modalidade.
Paulo Freire: Governador, estou muito assustado e temeroso em perguntar. E a educação dos jovens e adultos, como está o atendimento dessa população que é portadora de direito à educação?
Mauro Mendes: Paulo, no meu governo ninguém fica excluído. Ninguém. Fechei os Centro de Educação de Jovens e Adultos, porem deixei algumas salas de EJA em algumas escolas.
O mais importante é o convênio que firmamos com Sistema S, para atender essa população. E ainda temos o alfabetiza MT, onde tutores abrem turmas.
Paulo Freire: Senhor, a educação de jovens e adultos vai muito além da instrução mecanizada do saber ler e escrever... é preciso reconhecer os saberes que este público possui.
Para mim a educação deveria ser um ato político liberador, capaz de transformar a realidade social dos alunos. Assim, ele provavelmente veria a importância de integrar aspectos como cidadania, direitos, e a luta contra as desigualdades sociais nas práticas pedagógicas voltadas para a EJA.
Mauro Mendes: Paulo, mas em tempos de crise, precisamos ser práticos. Às vezes, é necessário implementar medidas que podem parecer duras para garantir a estabilidade econômica do nosso estado.
Paulo Freire: Mas, governador, o que é a estabilidade econômica se não for acompanhada de justiça social? Não podemos sacrificar a formação crítica e humanística dos cidadãos em nome de uma suposta eficiência econômica. A educação deve libertar, e não aprisionar.
Mauro Mendes: Já percebi seu posicionamento esquerdista; não reconhece nosso esforço. Vou concluir te informando que melhoramos os índices de evasão e reprovação. Para isso aplicamos várias provas; realizamos busca ativa e também uma política de Recomposição de Aprendizagem. A recomposição de aprendizagem consiste em oportunizar o avanço de estudantes mesmo daqueles deixaram a escola durante o ano. Isso é um avanço enorme, pois damos a chance do aluno ser aprovado. Assim vamos atingir a meta de melhoramento no Ideb e também no IPEA. E considero encerrado nosso diálogo.
Paulo Freire: Governador, sobre o que você chama de Recomposição de Aprendizagem, vou me reservar a emitir um comentário, porque desejo ouvir os professores que estão atuando na educação de MT diante dessa Política que apresentou, rapidamente. Quanto o diálogo, considero sempre como o primeiro passo para a transformação. Se quisermos um futuro melhor, precisamos unir forças, não somente em termos de recursos, mas também de visões e valores.